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CAMPO GRANDE (MS)

Eleitores de centro serão os fiéis de balança sucessória em 2024

Candidaturas com perfil radicalizado perdem terreno, fenômeno que pode dinamitar projetos políticos importantes

Nomes de mulheres são maioria ventilada para sucessão do Executivo Municipal na Capital sul-mato-grossense. Fotos: Tero Queiroz

A sucessão da prefeita Adriane Lopes (Patriota) será disputada por candidaturas ainda sob impacto das eleições gerais do ano passado. Naquele pleito, a polarização nacional entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) acabou refletindo nas disputas estaduais, com os incendiários apelos ideológicos que marcaram os discursos e estratégias de direita e esquerda na busca do voto.

Esta lição é de enorme utilidade para quem almeja ingressar no páreo de 2024 com chances reais de competir. Para isso, será necessário aos pré-candidatos sair de estreitos corredores ideológicos ou evitá-los, utilizando o aprendizado da campanha de 2022 e ampliando ao máximo sua capilaridade eleitoral, garantindo-se como interlocutor de inequívoca abrangência social.

Prefeita Adriane Lopes tem focado em administrar, mas prováveis adversários já se movimentam pelo pleito. Foto: Tero Queiroz

Não é o que está fazendo a prefeita Adriane Lopes, certamente porque sua responsabilidade no cargo recomenda concentrar-se única e efetivamente no papel de gestora. Cuidar da administração pública, para ela, não permite cruzar interesses de cunho político ou eleitoral. Atitude louvável, porém nada impede que, ao construir alianças de sustentação governamental, e de acordo com cada interlocutor, aconteça outro entendimento.

Um arranjo político de forças com objetivos comuns e pensamentos à prova do interesse partidário, sem ingerência na gestão, pode criar ou abrir perspectivas futuras relativas ao processo sucessório. Um ponto vigoroso de referência nesta costura é a Câmara de Vereadores, cuja composição, que é das mais plurais, oferece às lideranças um diversificado e amplo quadro de formulações filosóficas e partidárias.

ACELERANDO OS PASSOS 

O  deputado estadual Beto Pereira em Audiência Pública sobre o Carnaval de Campo Grande de 2024. Foto: Tero Queiroz

Enquanto Adriane se concentra nas atribuições administrativas, seus eventuais adversários já aceleram os passos para tratar exatamente de conversações que ela deveria estar liderando agora. O deputado federal Beto Pereira, pré-candidato do PSDB, transita por alguns partidos da base do governador Eduardo Riedel. Ele não quer perder tempo. Rompe sua "zona de conforto" para atrair interlocutores de outras legendas em busca de capilaridade. Quer, preferencialmente, conquistar os eleitores de centro.

Da mesma forma, a ex-deputada federal Rose Modesto, o MDB e o PT definem-se pelo diálogo interpartidário, espraiando-se ideologicamente, como fez a maioria dos líderes e dirigentes partidários durante e após 2022. Rose, em agudo conflito dentro do União Brasil, tem estendido diante de si o "tapete vermelho" do MDB. O ex-governador André Puccinelli está pronto para dar-lhe as boas vindas e lançá-la na disputa sucessória. Se isso ocorrer, será mais uma candidatura competitiva no mosaico, apoiada por diferentes braços políticos e filosóficos que acompanham Puccinelli.

Rose Modesto entrou em conflito com União Brasil da Senadora Soraya Thronicke (a nível de MS) e chefiado por Luciano Bivar (a nível nacional). Foto: Tero Queiroz

No PT, a deputada federal Camila Jara, a advogada Giselle Marques, ex-candidata ao governo do Estado, e o deputado estadual Pedro Kemp, três das opções para a corrida sucessória no município, têm igual objetivo: fazer a receita da pluralidade, abraçando forças de esquerda, centro-esquerda, de centro e até de centro-direita. Foi assim que Lula derrotou Jair Bolsonaro e tornou-se presidente da República, livre da indumentária de esquerda que tanto assustava o eleitorado mais conservador ou avesso ao que considera radicalismo.

Camila Jara é abraçada pelo deputado estadual Pedro Kemp, também do PT. Foto: Redes 

DIREITA 

Só não se encaixam na preocupação de ter uma candidatura de bases plurais os apoiadores de Bolsonaro que, declaradamente ou não, podem ser candidatos à prefeitura da Capital. O deputado federal Marcos Polon e os deputados estaduais João Catan e Coronel David (PL), seriam, em princípio, os nomes bolsonaristas da primeira fila.

 Nenhum deles demonstrou até hoje qualquer inclinação em despir-se da farda de extrema-direita, acreditando ser muito mais vantajoso política e eleitoralmente caminhar neste gueto ideológico com as parcerias vezeiras da era bolsonarista. Polon foi o deputado federal mais votado.

Provavelmente, o problema mais imediato que podem enfrentar está na possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro ser declarado inelegível pela Justiça Eleitoral. Não há, por enquanto, nenhuma solução de nomes competitivos para substituí-lo com chances para 2024.