ELEIÇÕES 2022
Bolsonaro acena com Riedel, faz 'motociata' com Contar e escuta coro por "Marquinhos"
Mandatário veio a Capital para entrega de 300 apartamentos do Residencial Canguru
Jair Bolsonaro (PL) protagonizou uma curiosa cena da história política sul-mato-grossense nesta quinta-feira (30.jun.22), após a entrega de 300 apartamentos do Residencial Canguru, em Campo Grande (MS). A íntegra.
O mandatário chegou por volta das 11h20 no residencial feito com recursos do Casa Verde Amarela (R$ 24 milhões) da Caixa Econômica Federal, do governo (R$ 5 milhões) e da prefeitura (R$ 4 milhões). O chefe do Executivo estava em um carro oficial acenando em pé na janela esquerda e na janela oposta, acenava o pré-candidato do PSDB, Eduardo Riedel (foto da capa).
O presidente lidera as intenções de votos para reeleição em Mato Grosso do Sul e deve apoiar o candidato apadrinhado por Reinaldo Azambuja.
A entrega dos apartamentos é um feito celebrado pela prefeita Adriane Lopes (Patriota). Durante seu discurso, Adriane chegou a dizer Bolsonaro tem trabalhado 'duro'.
"Aqui presidente, nós também estamos trabalhando duro, para trazer para Campo Grande o desenvolvimento. A prefeitura de Campo Grande tem estado onde o povo está. Nós acreditamos e precisamos, presidente, das parcerias", disse Adriane, abrindo os discursos. Enquanto a chefe do Executivo Municipal discursava, Bolsonaro assinava uma bandeira com seu rosto estampado entregue por apoiadores (veja outros discursos abaixo).
TRAIÇÃO OU ALIANÇA?
Havia algumas frentes conservadoras que levaram pessoas para dar volume ao evento. Entretanto, esse grupo está dividido. Alguns deles são contra o apoio de Bolsonaro ao pré-candidato do PSDB, eles cobram que Bolsonaro apoie o pré-candidato do PRTB, Capitão Contar.
Durante o seu discurso, Bolsonaro acabou se irritando com um apoiador de Contar que manifestava insatisfação com a presença de Riedel no palanque. “Se quiser discursar vem para cá, garoto! Ou se candidata, se candidata, vá buscar o voto, para você ver como não é fácil. Espere 28 anos como deputado federal e se candidata a presidente da república (sic)”, disse, descontraído por aplausos de outros apoiadores.
Levado a esse tema, Bolsonaro deu conselhos aos políticos novos. “Eu aproveito o momento para os jovens políticos. Aguardem a oportunidade, dê tempo ao tempo. Não se precipitem, não abrevie uma possível brilhante carreira política que você pode ter, por um momento. É como o casamento, paciência. Namore, fique noivo, se conheça bastante e partam para a felicidade eterna”, comparou. A mensagem é direcionada a Contar que pleiteia o apoio do presidente para disputar o governo. Mas com sua fala hoje, Bolsonaro indicou que, na verdade, Contar deve se unir ao PSDB por ambos serem bons. “Na política não é diferente. É muito mais comum, no nosso meio, a tentativa de se destruírem do que somarem, mas eu tenho a certeza, que isso está mudando com o tempo, e tenho a certeza que Mato Grosso do Sul não será diferente e que mais cedo ou mais tarde a união dos bons fará grande o nosso Mato Grosso do Sul”, apostou o mandatário.
Após sugerir a aliança, porém, Bolsonaro acabou supreendido por gritos dos presentes (veja no final do texto).
DISCURSOS
Depois de Adriane Lopes, falou o ministro do Desenvolvimento Regional, Daniel Ferreira. “Quando eu passei no concurso público eu jamais imaginava ser ministro de estado...”, disse, agradecendo a Bolsonaro e elogiando Tereza Cristina. Depois disso, o ministro disse que Bolsonaro realizou o que “Dom Pedro 2º” idealizou.
Bolsonaro iniciou seu discurso atacando a cor vermelha do seu principal adversário, Lula, que lidera as pesquisas eleitorais no Brasil. Depois disso, Bolsonaro agradeceu seus ministros e não falou do presidente da Caixa.
Sempre que vem a MS, Bolsonaro fala de segurança alimentar citando Tereza Cristina como referência. Ele também voltou a falar que Tereza é frágil na aparência por ser “pequena”. “Mas uma pessoa admirada e amada por todos nós em Brasília. A ministra Tereza Cristina foi gigante nessa pandemia. Ela, à frente, somado com vocês, grande parte aqui, pessoas do agro, mantiveram a nossa economia funcionando, garantindo para nós a nossa segurança alimentar. E para o mundo, mais de 1 bilhão de pessoas vive do que se planta aqui no Brasil, se não fosse vocês, o mundo passaria fome (sic)”, disse o presidente.
Bolsonaro elogiou a Embrapa e disse que “nos orgulha desde o período dos militares”, nesse ponto, está se referindo à Ditadura Militar.
O presidente também falou de marcas que o levaram ao cargo em 2018. E criticou o Movimento Sem Terra. “Vocês defendem a posse de arma para pessoa de bem? Vocês, assim como eu são contra a ideologia de gênero? Vocês são contra a liberação das drogas? Vocês sabem da pressão que nós fazemos para diminuir a pressão do MST”, continuou dizendo que integrantes do MST “não são cidadãos”. “Não queremos o MST como agia no passado”, criticou.
Ainda, de acordo com Bolsonaro, o indígena quer “o progresso”. “Eles querem fazer da sua terra o que o fazendeiro faz do lado da sua terra”, defendeu.
No final de seu discurso, Bolsonaro disse que a “economia começou para valer”. Bolsonaro apresentou dados distorcidos dizendo que o Brasil passou da “13ª” para a “10º” economia do mundo. Na verdade, o Brasil recuou duas posições em 2022 no ranking de competividade econômica, como já mostramos aqui no MS Notícias.
Bolsonaro citou que para alcançar esse “bom desempenho” econômico contou com o apoio dos deputados federais. Ele citou, os que lhe ajudaram: “nossa eterna deputada, Tereza Cristina – que não vai ser tão eterna assim. Tem o Trutis e o doutor Luiz Ovando”, disse, agradecendo as palavras da prefeita “Adriana Lopes (sic)”.
Continuando, o presidente agradeceu os dois pré-candidatos ao governo do estado, mas não quis citar seus nomes. “Agradeço também aqui os dois pré-candidatos ao governo do estado. Não vamos citar os nomes aqui, mas agradeço aos dois”, disse. Bolsonaro, porém, foi surpreendido com o seu público gritando – em coro: “Marquinhos”, em apoio ao pré-candidato do PSD, Marquinhos Trad – que lidera ao lado de André Puccinelli (MDB) as intenções de votos para o governo em MS. Veja o momento em vídeo:
"Por ocasião das eleições eu prometo voltar aqui a Campo Grande para fazer campanha", esquivou Bolsonaro, após o coro por Marquinhos. Por fim disse que "em outubro do ano que vem os eleitores precisarão decidir se querem viver como brasileiros ou como venezuelanos", repetindo algo recorrente em seus discursos.
O discurso do mandatário foi breve, pois, ele precisava ir até os altos da Afonso Pena, onde Capitão Contar havia mobilizado motoqueiros para realizarem uma motociata, que seguiu até a base aérea.