VIOLÊNCIA | INTERIOR
Braço do estado: coordenados por fazendeiros, Choque massacra indígenas em MS
Cimi teme que MS repita massacre de 2016; imagens fortes mostram crianças com órgãos expostos
Vito Fernandes, de 42 anos, é o nome do indígena que foi assassinado durante confronto entre povos originários da etnia Guarani Kaiowá e policiais militares do Batalhão de Choque da Polícia Militar, em Amambai (MS), nesta sexta-feira (24.jun.22). A informação da morte foi confirmada pelo Hospital Regional de Amambai, que recebeu a vítima.
Segundo informações do hospital, Vito chegou à unidade com três perfurações de armas de fogo pelo corpo. Ainda, a comunidade local afirma que dois indígenas foram mortos, mas não há confirmação da polícia até o momento.
Os indígenas dos povos Guarani Kaiowá retomavam, novamente, parte do território de Guapoy, no município de Amambai (MS), quando os policiais sob ordem de fazendeiros invadiram a área, na manhã da sexta, no intuito de expulsar, através do uso da força, os indígenas – mesmo não havendo ordem judicial. Após a truculenta ação, oficialmente, 10 ficaram feridos, seis deles indígenas e a maioria adolescentes. Também há informações de que haveria policiais feridos.
Apesar de estar circulando relatos de que há dois indígenas mortos, ainda não há uma confirmação desse segundo.
A ação da polícia e fazendeiros era premeditada, diante do contingente populacional local e do histórico de violência na região, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) disse que teme que a situação evolua rapidamente para um novo episódio de massacre contra os Guarani Kaiowá, como o ocorrido em 2016, em Caarapó (MS).
A reserva de Amambai é a segunda maior de Mato Grosso do Sul em termos populacionais, com quase 10 mil indígenas.
Para os Guarani Kaiowá, Guapoy é parte de um território tradicional que lhes foi roubado – quando houve a subtração de parte da reserva de Amambai. Os indígenas clamam atenção, exigem proteção às suas vidas e seus direitos.
O Ministério Público Federal confirmou, na tarde desta sexta-feira (24.jun), que a Polícia Federal irá se deslocar até Guapoy.
Além de seguir acompanhando o caso, o Cimi pede, com urgência, o envolvimento de órgãos federais, bem como do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), a fim de controlar a situação e investigar os episódios.
IMAGENS FORTES
É mais um corpo indígena no chão...
Esse luto nunca acabou para nós dos povos Guarani e Kaiowá, estar a linha de frente de uma luta incessante contra um governo que quer os nossos mortos é uma realidade, toda semana é um parente atropelado, uma parenta desaparecida, uma irmã ou irmão assassinado pelos fazendeiros e até mesmo pelos ditos "defensores desse estado", que invadem e genocidam nossos corpos, retomadas, florestas, a cada passo que damos, envenenam nossos rios, queimam nossas casas de rezas, enquanto só queremos paz para os nossos, queremos vida, mudar essa realidade, já não conseguimos mais contar o números de vítimas dessa violência do estado que começou nessa madrugada (24 de junho), isso tem que parar, temos muito a dizer, mas agora precisamos lutar, que o futuro indígena seja a realidade do Guarani Kaiowá que chegou a sonhar...
"Pede pra voz parar, a voz da intuição, que sempre diz: é mais um corpo indígena no chão..."