CULTURA AFRO
"Exu não é diabo": saiba quem é orixá mensageiro da Grande Rio
Orixá da comunicação, divindade é homenageada na Sapucaí para combater racismo religioso contra cultos de matriz africana.
A Acadêmicos da Grande Rio chega à Sapucaí na madrugada deste domingo (24) com a proposta de abrir caminhos para desmistificar Exu, divindade presente nas religiões de matriz africana que faz ponte entre os humanos e orixás.
Com o enredo “Fala, Majeté! Sete chaves de Exu”, Gabriel Haddad e Leonardo Bora homenageiam o orixá, equivocadamente associado à figura do diabo no imaginário cristão.
Quem é Exu?
“Exu não é diabo. A maioria das pessoas não sabe o que realmente é o Exu, não estudou o Exu”, explica o zelador espiritual Danilo de Oxóssi.
“É o orixá, é o guardião, é o primeiro que come na mesa dos orixás. O último é Oxalá, que é o rei de todos os orixás. E Exu come primeiro do que ele.”
“Exu é quem abre os caminhos da gente, é quem traz a prosperidade, quem traz a fartura para a sua casa. Todo mundo cultua Exu na África pois Exu é um guardião de todos os orixás. Ele é o guardião da gente”.
Para o zelador espiritual e integrante da Grande Rio, a importância do enredo é desmistificar os estereótipos negativos associados à Exu.
“Depois que a Grande Rio passar pela Sapucaí, muita gente de casa e das arquibancadas vai ter uma outra visão de Exu”.
A dupla de carnavalescos Haddad e Bora, que vem apostando em temas religiosos desde matriz africana, querem combater a demonização da cultura afro.
“Exu é a divindade mais brincalhona, assim como o ser humano. Ele traz essa mistura do que é bom e ruim, pecado e santidade, alegria e tristeza, remédio e veneno”, disse Bora.
“Engana-se quem associa Exu a coisas pesadas, sombrias e maléficas. Ao contrário, ele é uma entidade complexa, cheia de variações e a mais parecida com o homem. Está associado ao carnaval, às festas, às artes e até ao lixo. Não o lixo material, mas o lixo de valores, o resto da sociedade que ninguém quer, que está à margem.”
“Exu é uma divindade complexa, é energia circular e infinita, movimento, luta, insubmissão, mudança, que se transforma em incontáveis entidades e que tem muito a ver com a nossa ancestralidade. Mas que é visto com restrição por muita gente. O enredo deste ano, como dos anteriores, visa a desconstruir essa imagem estereotipada, o racismo religioso, a intolerância e a demonização de religiões como o candomblé, a umbanda e as macumbas. Por isso, as sete chaves, para abrir o conhecimento sobre Exu”, disse o carnavalesco Gabriel Haddad.