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FAZENDA DE ALHO | MG

Escravizados: 76 trabalhadores recebiam por produção e até dia de vacinação era descontado

Resgatados trabalhavam de domingo a domingo, faziam necessidades a céu aberto e não tinham EPI's

Trabalhadores dormiam em alojamentos lotados, comiam em sombras de veículos e dividiam 4 banheiros - (Divulgação/Sinait)

Pelo trabalho do Grupo Móvel de Fiscalização e Combate ao Trabalho Escravo - da Superintendência Regional do Trabalho(SRT/MG) - 76 trabalhadores, encontrados em condições análogas à escravidão foram resgatados em Minas Gerais, segundo divulgou o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) na última 3ª feira (16.nov.2021). 

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De acordo com material do Sinait, os trabalhadores eram aliciados em uma fazenda de alho em Tapira (MG), que fica a 400 km de Belo Horizonte. Eles dormiam em alojamentos lotados, que tinham dez trabalhadores em cada quarto, que trabalhavam de domingo a domingo, em mais de 70 horas semanais recebendo por produção. 

Com jornadas exaustivas, sem salário fixo e dormindo em alojamentos pequenos e precários, muitos empregados tinham que fazer as necessidades a céu aberto já que haviam apenas quatro banheiros disponíveis para todo o pessoal. 

Foto: (Divulgação/Sinait)

Ainda, das situações degradantes, cada um dos trabalhadores precisavam pagar pelas próprias ferramentas. Eles comiam na sombra que fazia debaixo dos veículos e alguns trabalhavam inclusive descalços descalços, sendo que muitos não receberam equipamentos de proteção individual.

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Também não foram adotadas medidas de prevenção à Covid-19, e os empregados precisavam compartilhar até mesmo as garrafas térmicas, já que não era feita uma reposição de água durante a jornada de trabalho. De acordo com trabalhadores, os dias usados para vacinação acabavam sendo descontados.

Essa ação de resgate contou ainda com a ajuda o Ministério Público do Trabalho (MPT) e com a Polícia Militar do estado. Em verbas salariais e rescisórias, calculadas pelos Auditores-Fiscais do Trabalho, foi totalizado mais de R$ 494 mil. 

Conforme o Sinait, os trabalhadores, que após o resgate retornaram a seus locais de origem, também receberam indenização individual de R$ 4,5 mil por danos morais e fazem jus a três parcelas do seguro desemprego especial para o trabalhador resgatado.