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Fazendeiro solta Pitbull 'em cima' de criança indígena em MS; 'foi parar na UTI'

Ataque ocorreu no sábado (6.nov), mas Hospital não avisou nem mesmo ao Conselho Tutelar sobre o crime

O Parlamento Indígena do Brasil busca dar voz e visibilidade política às lideranças indígenas tradicionais representativas dos povos brasileiros publicou essa foto!

Nesta segunda-feira (8.nov.21) circula a denúncia de que um latifundiário vizinho da reserva Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul (há 27 km de Dourados), na Aldeia Panambizinho, soltou um cachorro da raça Pitbull em cima de uma criança indígena. A criança foi brutalmente atacada pelo animal e ficou com diversos ferimentos e encontra-se internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Dourados.  

A denúncia foi feita pelo grupo de Mulheres Nhandesy, lideranças do povo Guarani Kaiowá em MS. E o MS Notícias apurou que o ataque ocorreu no sábado (6.nov.21). Não há ainda nenhum registro de ocorrência sobre o crime.  

Segundo a coordenadora do Conselho Tutelar Leste, Janine Matos, as autoridades responsáveis do Conselho só ficaram sabendo do ocorrido nesta noite de segunda (8.nov.21). "Você acredita que ninguém avisou a gente? Nem o Hospital, nem a família, nem as lideranças. Fiquei sabendo pela internet, liguei lá no Hospital e eles me confirmaram que a criança está lá", disse a conselheira tutelar responsável pela região do Panambizinho. 

Conforme Janine, somente amanhã, terça (9.nov), ela terá informações sobre o estado de saúde da criança, a idade e o nome. "Amanhã eu vou lá, porque eles [do hospital] não passam detalhes por telefone. Vou procurar a família para saber se já registram denúncia e aí saber como está a criança, a idade dela e nome, que nem isso me passaram", disse a conselheira.  

Há anos, o povo Guarani Kaiowá vem sofrendo severas ofensivas dos latifundiários da soja como chuvas de veneno, perseguições, expulsões de suas terras ancestrais, sendo a pistolagem e o assassinato de lideranças uma forma contumaz dos ruralistas da região de coibir a organização indígena.

Nos últimos meses, também foram incendiadas casas de reza em diversas aldeias um desse povo, com o objetivo de intimidar as comunidades Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul.

O MS Notícias apurou que a plataforma Caci, mapa digital que reúne as informações sobre os assassinatos de indígenas no Brasil, foi atualizada com os dados do Relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil de 2020. Caci, sigla para Cartografia de Ataques Contra Indígenas, também significa “dor” em Guarani. Com a inclusão dos dados de 2020, a plataforma agora passa a abranger informações georreferenciadas sobre 1.236 assassinatos de indígenas, reunindo dados compilados desde 1985. Nesta segunda (8.nov) há registro no  Caci de 187 assassinatos de indígenas na grande Dourados e em Itaporã, onde há povos indígenas Guarani,  Guarani Kaiowá e Terena.