CORRIDA SUCESSÓRIA
Trunfo do PSD, Marquinhos não vai apequenar candidatura
Prefeito busca melhor solução para Campo Grande antes de decidir sobre 2022
Um dos nomes mais importantes do quadro de lideranças que o PSD quer disputando governos estaduais em 2022 é o prefeito Marquinhos Trad, de Campo Grande. E é o presidente nacional da sigla, o ex-prefeito Gilberto Kassab, quem puxa a comissão de frente do projeto eleitoral pessedista: ele aproveitou a plenária da legenda no último sábado, no Rio de Janeiro, para anunciar os correligionários que já considera como pré-candidatos, incluindo o campograndense na lista.
A atitude de Kassab teve a inevitável reverberação midiática, até porque refletiu um PSD satisfeito com sua animadora realidade: é um dos partidos mais representativos do País e ao criar distância segura do bolsonarismo refinou o seu perfil político e ideológico, conquistando com isso importantes adesões e ganhando peso para ser fator decisivo nas próximas eleições. Não por acaso, foi a sigla escolhida para ser novo abrigo do senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado e nome grifado entre os prováveis concorrentes do páreo presidencial.
É exatamente neste panorama de crescimento que a estratégia nacional do PSD encaixa o prefeito de Campo Grande entre as peças-chave da engrenagem eleitoral de 2022 e levou Kassab a anunciá-lo na disputa, embora estivesse ausente do evento. A verdade é que há um roteiro de prioridades e o prefeito demonstra que primeiro vai percorrê-lo e só depois de concluí-lo dará sua palavra final sobre o futuro.
AS PRIORIDADES
À sua frente, Marquinhos alinhou como prioridade zero, a primeira de todas, o compromisso com os campo-grandenses e com a cidade. É deles que terá o termômetro e o sinal para seguir adiante. No momento, ocupa-se unicamente nos cuidados com a saúde de uma população ainda bastante machucada pela pandemia da Covid-19. Quer riscar o coronavírus do ambiente local, investindo ao mesmo tempo em obras inadiáveis e na retomada gradual da economia. Assim, só depois destas soluções terá a hora certa para debater e definir sobre política, chapas, alianças e urnas.
Engana-se quem pensa que a barreira à candidatura de Marquinhos Trad ao Governo seja o risco de perder dois anos e nove meses do mandato de prefeito, abrindo mão do controle do maior orçamento das prefeituras de Mato Grosso do Sul. Para não deixar dúvidas sobre este item, ele mesmo já afirmou e reafirmou que sua vice-prefeita, Adriane Lopes (Patriotas), está preparada para desafios futuros - ou seja, para qualquer eventualidade.
Um outro aspecto a ser considerado: permanecer no cargo até o fim, em 2024, terá também uma consequência politicamente arriscada e desafiadora, que será esperar por 2026, passando dois longos anos de "sereno", sem a visibilidade na mídia e sem o canal privilegiado que um mandato oferece para o contato com a população.
Pelo que já demonstrou em sua trajetória, e especialmente na prefeitura, o prefeito não se dá nem um pouco com o aventureirismo, apesar de não se recusar aos embates. Não fugiria de uma contenda eleitoral quem já esteve em seis delas, e sendo protagonista em todas.
Depois de exercer cargo de assessoria executiva de primeiro escalão na gestão de André Puccinelli entre 1996 e 2000, como secretário municipal de Assuntos Fundiários, Marquinhos disputou seis eleições (para vereador, deputado estadual e prefeito). Foi vitorioso em todas e o mais votado na maioria: a de vereador em 2004 e as de deputado estadual em 2010 e 2014. Em 2006 havia sido o quinto colocado entre os 24 deputados eleitos.
RESPONSABILIDADES
O gestor de Campo Grande mostra que, em princípio, sabe dimensionar o tamanho real da responsabilidade que carrega nos ombros, administrando um município que está chegando na marca de um milhão de habitantes. Cabe somente a si mesmo decidir se conclui o segundo mandato de prefeito, que se encerra em 2024, ou renuncia à prefeitura para disputar o governo estadual.
Em qualquer desses polos de gestão ele pode continuar dando aos campograndenses a atenção diferenciada, que é a pedra de toque de sua agenda pessoal e política. Não é o caso de ter maior ou menor poder - as atribuições se equivalem e o atendimento institucional e político a cada município é pré-estabelecido nos textos legais, com os recortes específicos de assistência proporcional à grandeza das demandas, sem prejuízo do tratamento igualitário que um governante, como magistrado, precisa e deve oferecer.
Por fim, na quadratura das possibilidades e alternativas, a decisão que Marquinhos Trad vai tomar sobre seu papel no ano que vem já está no centro de uma dinâmica nacional de definições. O senador Rodrigo Pacheco, que se filiará ao PSD no próximo dia 27, está na conta de candidatar-se à sucessão presidencial ou ficar como "coringa" no rol de alianças que vai indicar o nome para ser vice do petista Lula, que lidera as intenções de voto em todas as pesquisas.
Por essas e outras, há que se reconhecer o tirocínio de Gilberto Kassab ao fazer do PSD uma incubadora de candidaturas majoritárias nas eleições estaduais - é dessa forma que o partido se consolidará política e eleitoralmente como força nacional.