EUA avisa Otan que Rússia realizou testes com míssel
O tratado que proíbe testes, produção e posse de mísseis de médio alcance sempre foi considerado um importante passo para coibir a corrida armamentista americana e russa. Mas depois de o presidente Vladimir Putin chegar ao poder e o Exército russo com
Os EUA informaram seus aliados da Otan que a Rússia realizou testes com um novo míssil de cruzeiro terra-terra, reforçando as preocupações de que Moscou possa ter desrespeitado um importante tratado sobre controle de armamentos.
Segundo as autoridades americanas, a Rússia começou a realizar esses testes em 2008. Os exercícios estão proibidos pelo tratado que baniu os mísseis de médio alcance, assinado em 1987, pelo presidente Ronald Reagan e o então líder soviético Michail Gorbachev. O Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês) sempre foi visto como um dos acordos básicos que levaram ao fim da Guerra Fria.
Desde maio, Rose Gottemoeller, principal encarregada do controle de armamentos do Departamento de Estado, tem repetidamente abordado a questão com autoridades russas, que respondem que investigaram o assunto e encerraram o caso. Mas funcionários do governo Barack Obama ainda não estão dispostos a declarar oficialmente que os testes são uma violação do tratado de 1987.
Com a promessa do presidente de cortes maiores no arsenal nuclear, o Departamento de Estado tenta resolver a situação, preservando o tratado e mantendo a porta aberta para futuros acordos sobre armas. "Os EUA jamais hesitam em expressar suas preocupações com relação ao cumprimento do tratado junto à Rússia e este caso não é exceção", afirmou Jen Psaki, porta-voz do Departamento. "Mas há um processo de revisão em curso e não queremos especular ou prejulgar o resultado".
Para outros funcionários, que se expressaram anonimamente, não há dúvida de que o teste com o míssil é contra o tratado e o governo já demonstrou muita paciência com os russos. Alguns membros do Congresso ouvidos sigilosamente há mais de um ano vêm pressionando a Casa Branca por uma resposta mais dura.
Uma disputa pública envolvendo os testes pode se tornar um novo e importante elemento de atrito para a já difícil relação entre EUA e Rússia. Nos últimos meses, essa relação foi abalada por divergências como o fim do conflito na Síria; o asilo temporário de Moscou a Edward Snowden, ex-técnico da Agência de Segurança Nacional (NSA) e, mais recentemente, os tumultos na Ucrânia.