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DESPESA | BOLSO DO POVO

Motociatas custaram R$ 2,8 milhões aos cofres públicos; drones, jet-skis e mais

Valores são referentes à apenas 5 dos 12 eventos nesse formato, com os excessos de Jair Bolsonaro pelo Brasil

Motociata realizada em 07.ago.2021 na cidade de Florianópolis - (Alan Santos | PR)

Através da Lei de Acesso à Informação, a Folha de S.Paulo fez um levantamento que apontou: as motociatas de Jair Bolsonaro custaram, até então, ao menos R$ 2,8 milhões aos cofres públicos, levando em conta despesas com o cartão de pagamento do governo federal, informadas pela Secretaria-Geral da Presidência, e os custos assumidos pelos estados para garantir a segurança da população e da comitiva de Bolsonaro.

Ainda assim, esses 2,8 milhões não representa todos os gastos envolvidos com os eventos. Isso porque o governo federal divulgou, por enquanto, apenas despesas relativas a 5 das 12 motociatas que tiveram a presença do presidente, sendo que, ainda não há informações a respeito de gastos que ocorreram há mais de dois meses.

Como por exemplo a viagem da comitiva de Jair para  motociata em Porto Alegre, realizada no dia 10 de julho. Em resposta, a Secretaria-Geral da Presidência apontou que as prestações de contas "encontram-se em fase de instrução".

Também as despesas com o evento em Presidente Prudente (SP), no dia 31 de julho não foram divulgadas. Para a secretaria a prestação de contas dessa viagem ainda está "no prazo legal". Entretanto, o informativo ressalta que, em outro pedido a Presidência já tinha afirmado que o prazo para a apresentação das contas acaba no dia 5 do mês seguinte às viagens. Que pode ainda levar cerca de 10 a 15 dias úteis para a execução da análise de conformidade das prestações.

Ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) tiveram uma reunião extraordinária sigilosa ontem (29.set.2021), com o objetivo de deliberar uma solicitação do Congresso - que partiu de integrantes da CPI da Covid no Senado - sobre uma auditoria nos gastos da União com todas as motociatas.

Em relatório aos ministros, a área técnica do TCU disse que não é possível apontar irregularidades nos gastos de Bolsonaro, já que não existe previsão legal para determinar o que é uma viagem de interesse público, apontou material publicado pelo jornal O Globo. Sendo que desde o começo do mês de maio, essas motociatas foram  palco para os arroubos autoritários de Bolsonaro, em busca de uma demonstração de força.

Em seguida, os técnicos recomendaram arquivamento da investigação no tribunal e o envio do material à CPI e às comissões de Fiscalização e Controle da Câmara e do Senado.

As motociatas já foram usadas para Bolsonaro reforçar que não aceitará os resultados das eleições de 2022 caso seja derrotado; para ataques à governadores e ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF). 

DESPESAS 

Segundo a Presidência, as motociatas em Brasília não geraram custos adicionais, mas as informações sobre as despesas foram classificadas como sigilosa. 

Entre os estados onde ocorreram as motociatas, São Paulo informou os maiores custos para a sua realização.
Segundo a Secretaria de Segurança de São Paulo, foi gasto R$ 1,2 milhão no evento, que contou com 1.433 policiais e a atuação de batalhões territoriais e especializados, como Baep, Choque e Canil, além de equipes do Corpo de Bombeiros e do Resgate.

Esse ato teve o apoio de cinco aeronaves, dez drones e aproximadamente 600 viaturas –entre motos, carros, bases comunitárias móveis e unidades especiais.

Em agosto, Doria afirmou que Bolsonaro será cobrado se participar de novas motociatas no estado. "Não é obrigação do governo do estado de São Paulo fazer segurança de motociatas sem que o custo seja suportado por quem as organiza e as promove", disse o governador.

A motociata em Porto Alegre, no dia 10 de julho, custou mais de R$ 88 mil aos cofres do estado, governado por outro presidenciável do PSDB, Eduardo Leite. 

Para viabilizar o ato bolsonarista, foram empregados 746 policiais militares, 27 policiais civis e 239 viaturas, sendo duas aeronaves, duas embarcações, dois jet-skis e duas lanchas.

No Rio de Janeiro, as despesas estaduais chegaram a R$ 37.651. Foram solicitados 105 policiais militares no POE (Policiamento Ostensivo Extraordinário), além do grupamento escalado no POO (Policiamento Ostensivo Ordinário), já normalmente em atividade. 

Um helicóptero sobrevoou o evento durante cerca de três horas.

A motociata de Chapecó (SC), em 26 de junho, gerou gastos de R$ 26.771, com efetivo de 174 policiais militares, 83 viaturas e um helicóptero. 

Em resposta a pedido via Lei de Acesso à Informação, o estado disse que o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), responsável pela segurança do presidente, "disponibilizou lanche a todo o efetivo envolvido".