MS Notícias

NACIONAL | "COCA-COLA"

Desfile de tanques: teatro de Bolsonaro demonstra mais fraqueza do que força

O medo de perder as eleições em 2022 faz o mandatário apostar todas as fichas; Bolsonaro convocou blindados a rua entre o Congresso e o STF

Bolsonaro e militares. (Foto: Carolina Antunes/PR)

O medo de ser derrotado nas eleições de 2022 é um "bicho papão" que se agiganta nos confins do cérebro de Jair Bolsonaro (sem partido). Tentando converter o sistema eleitoral ao seu favor, o mandatário acredita estar demonstrando "força" e fazendo "pressão" ao chamar hoje (10.ago), blindados e tanques das Forças Armadas para um desfile "armado" na rua entre Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF). Isso porque, hoje também ocorre dentro da Casa de Leis, a votação de "volta" ou "não" para o voto impresso.

Sem apresentar qualquer prova, o presidente diz que as urnas podem ser fraudadas e alega que apenas o voto impresso afastaria esse risco.Já o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rebate dizendo que a urna eletrônica conta com inúmeros mecanismos de segurança que garantem a integridade das eleições.

O voto impresso virou a bandeira mais forte de Bolsonaro e resolve um outro problema, o fracasso do gestor diante do enfrentamento à pandemia. O país acumula mais de 550 mil mortes, mas não se fala nisso, o interesse de Jair neste momento é de como ele vai resolver a sua derrota já estimada em 2022. O gestor tem 26% dos votos válidos em todas as pesquisas até aqui realizadas. Com a máquina "poder" e com a milícia ao seu lado, Bolsonaro acredita que o voto impresso é a única alternativa de conseguir reverter sua derrota.

Jair Bolsonaro sabe que diante do expressivo número de crimes que cometeu neste mandato de 4 anos, caso não se reeleja, tanto ele, quanto seus aliados pagarão à Justiça, assim como Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos (EUA). 

Político de carreira, Jair Bolsonaro também sabe que com uma pressão bem feita, parte dos colegas pode ceder e votar com ele, por isso, há um certo tempo Bolsonaro vem tramando esse desfile de hoje. Ele chegou a mandar ao menos 2 aliados embora porque não quiseram orientar pelo desfile, no qual Bolsonaro se coloca como "chefe supremo", para tentar dirimir o seu fracasso enquanto militar. 

O desfile de blindados pela Esplanada dos Ministérios foi exatamente o que Bolsonaro cobrou do então comandante do Exército, Edson Pujol, em março passado, no auge da crise que levou à demissão do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e dos três comandantes das Forças Armadas. Na época, Pujol se negou a atender Bolsonaro, assim como Azevedo e Silva.

Apesar de ser uma aposta que tem seu fundo de sentido, a ideia de Bolsonaro pode sair pela culatra e fazer com que até os radicais votem contra a eleição de papel.  

O ex-ministro da Defesa Raul Jungmann, diz que o teatro demonstra mais fraqueza do que força. "O desfile é teatro promovido por Bolsonaro que demonstra mais fraqueza do que força. Para ele, além de amplificar a derrota do voto impresso, terá uma repercussão internacional desastrosa. E parlamentares de oposição pretendem fazer um ato de repúdio em frente ao Congresso na hora do desfile", disse 

O diplomata e ex-ministro da Defesa Celso Amorim classificou o plano como "um absurdo total" e uma "ameaça de golpe"

Aliado de Bolsonaro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que o presidente negou a intenção de intimidar o Parlamento. “Encaro isso como uma trágica coincidência”, afirmou.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apresentou ontem uma notícia-crime contra o presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro é acusado de divulgar ilegalmente dados de uma investigação da Polícia Federal que corre em segredo de Justiça. O inquérito apura, a pedido do próprio TSE, um ataque hacker em 2018 que atingiu a área administrativa da Corte, sem acessar o sistema das eleições. O vazamento alimentou ao longo do fim semana a máquina de notícias falsas das redes bolsonaristas.