ESPORTE
Eduardo Camavinga, a mais jovem revelação francesa que tem os dois pés na África
Há dois anos, quando a França conquistou na Rússia a segunda Copa do Mundo da sua história, uma das coisas que mais chamava atenção naquele grupo de atletas dirigidos pelo ex-meio-campista Didier Deschamps – o qual continua no comando da equipe – era a juventude do grupo como um todo. Diversos de seus jogadores, como o zagueiro Raphaël Varane e o meio-campista Paul Pogba, não tinham então mais que 25 anos, e um deles, o atacante Kylian Mbappé, tinha apenas 19 anos.
Esse é um dos principais motivos pelo qual as chances de os franceses conquistarem a Copa do Mundo do Catar de 2022 são consideradas bem altas pelos prognosticadores profissionais. Uma aposta esportiva online com a Betfair – que é uma das principais casas do gênero – mostra bem isso, visto que, em meados de outubro, o retorno oferecido pelo título da França era de 6.0. Isso fazia com que a equipe aparecesse como a segunda mais cotada para essa conquista no Oriente Médio, atrás apenas do Brasil, cujo retorno por uma aposta vencedora era de 5.5.
O mais recente motivo de otimismo para Deschamps atende pelo nome de Eduardo Camavinga. O meio-campista do Rennes está dando muito que falar desde o último dia 8 de setembro, quando, com 17 anos e 303 dias de idade, se tornou o terceiro jogador mais jovem a estrear pela seleção de seu país. Pouco depois, em 7 de outubro, o jogador marcou o primeiro gol na goleada da França por 7 x 1 sobre a Ucrânia, em amistoso realizado no Stade de France, e se tornou o segundo jogador mais jovem a marcar pela sua seleção.
Essas duas façanhas foram o bastante para que Camavinga despertasse o interesse de alguns dos maiores clubes do mundo. Segundo o jornal espanhol As, o Real Madrid – que, por sinal, é treinado pelo ex-craque francês Zinédine Zidane – buscaria contratá-lo caso não conseguisse efetuar a contratação de Pobga junto ao Manchester United. Além disso, o jornal italiano Tuttosport noticiou que um dos motivos de a Juventus ter emprestado o zagueiro Daniele Rugani para o Rennes foi justamente a fim de estabelecer boas relações com o clube francês e trazer Camavinga para a Itália.
Evidentemente, é cedo para dizer o quão longe a jovem promessa francesa pode chegar, mas, além da juventude, outra coisa que Eduardo tem em comum com outros jogadores de destaque de seu país é a sua origem africana. Como dito em uma matéria do jornal El País, 14 dos 23 jogadores que foram campeões mundiais na Rússia são descendentes de africanos. E aqui podemos citar novamente tanto Mbappé, que é filho de pai camaronês e mãe argelina, quanto Pogba, cujos ambos os pais nasceram na Guiné.
Já o caso de Eduardo é ainda mais complexo. Embora more na França desde que tinha um ano idade, o jogador nasceu num campo de refugiados na vila e comuna de Miconje, localizada em Cabinda, uma das 18 províncias da Angola. Por outro lado, tanto o seu pai quanto a sua mãe nasceram no Congo, e Eduardo provavelmente teria nascido lá se não fosse a guerra civil que afligiu aquele país. E, para a tristeza de angolanos e congoleses, a partir de agora dificilmente Camavinga será visto vestindo alguma camisa que não seja a da seleção da França ou a de algum clube europeu.