07 de setembro de 2024
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OLIMPÍADAS

Porta-bandeira do Brasil venceu câncer antes dos Jogos Olímpicos

Raquel Kochhann carregará a bandeira do Brasil, ao lado de Isaquias Queiroz, na cerimônia de abertura da Olimpíada de Paris-2024

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Aos 31 anos, Raquel Kochhann enfrentou um ciclo olímpico repleto de desafios. Além das exigências habituais da vida de atleta olímpica, com treinos intensivos e preparação física rigorosa, a jogadora de rúgbi sevens teve que superar um câncer de mama que a afastou dos campos por quase dois anos. Nesta sexta-feira, ela terá a honra de ser a porta-bandeira do Brasil junto com Isaquias Queiroz na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Esta será sua terceira participação olímpica, marcando um feito significativo como a primeira atleta brasileira a competir nos Jogos após se recuperar de um câncer.

"É indescritível a sensação de carregar a bandeira para o mundo ver na cerimônia de abertura. Trabalhamos muito no Brasil para desenvolver o rúgbi e conquistar nosso espaço. Sabemos que nossa realidade não inclui medalhas de ouro por enquanto, apesar de sonharmos com isso. Mas sempre vi que quem carrega essa bandeira tem uma história incrível e representa uma grande conquista", compartilhou Raquel.

Natural de Saudades, Santa Catarina, Raquel inicialmente sonhava em ser jogadora de futebol e chegou a jogar pelo Juventude. Sua trajetória mudou aos 19 anos, quando descobriu o rúgbi e decidiu seguir nessa modalidade.

Em pouco tempo, ela se tornou uma das líderes da seleção brasileira de rúgbi, participando das Olimpíadas do Rio-2016, quando o esporte estreou no evento, e em Tóquio-2021. Antes dos Jogos de Tóquio, no entanto, Raquel notou um caroço estranho no peito. Embora tenha consultado os médicos da equipe brasileira durante a competição, nada anormal foi detectado. Um ano depois, o caroço havia crescido e foram encontradas células cancerígenas. Raquel estava enfrentando câncer de mama. Este foi o segundo golpe duro, vindo logo após ela ter rompido o ligamento cruzado anterior do joelho direito na última etapa do Circuito Mundial em Toulouse, França.

Raquel passou dois anos se recuperando, realizando quimioterapia, radioterapia e exercícios adaptados para manter a forma física. Durante esse período, permaneceu próxima da seleção brasileira, fortalecendo o aspecto mental e emocional do time.

"Não vi nada parecido antes. Raquel mostrou uma força incrível, treinando todos os dias mesmo durante o tratamento. Quando não estava treinando, ajudava a equipe de várias formas: filmando atividades, trazendo água para as colegas ou motivando o grupo. Ela é um exemplo para todos nós", afirmou Will Broderick, treinador da seleção feminina.

No final de 2023, Raquel retornou ao rúgbi profissional com o Charrua Rugby Clube, do Rio Grande do Sul, disputando o Campeonato Brasileiro. Em janeiro de 2024, recebeu a notícia tão esperada: foi convocada novamente para a seleção brasileira. Com a equipe, teve uma campanha forte que garantiu a vaga para Paris-2024.

A equipe brasileira de rúgbi está no Grupo C e começará sua jornada no Stade de France com dois jogos em 28 de julho: contra a França às 12h e contra os Estados Unidos às 15h. No dia seguinte, enfrentarão o Japão às 10h.