Se o deputado federal e ex-governador Zeca do PT confirmar nos próximos dias que assume a condição de pré-candidato à Prefeitura de Campo Grande, o PT (Partido dos Trabalhadores) praticamente deixará de lado o trabalho de discutir outros nomes e tratará de dedicar seu tempo ao debate sobre o caminho a percorrer até 2016. A candidatura de Zeca impõe-se naturalmente dentro da sigla, mas ganha uma densidade política diferenciada por causa do apoio do ex-presidente Lula, um de seus maiores incentivadores para a disputa.
Para Lula, além de contar com a adesão de todas as correntes partidárias e representar um fator determinante à unidade interna, Zeca também é um nome capaz de repatriar antigos aliados que se dispersaram e ainda ampliar o arco de adesões políticas e sociais à sua candidatura. Dessa avaliação compartilham influentes lideranças petistas, entre elas o senador e líder do Governo no Senado, Delcídio Amaral. Ele vê em Zeca uma das melhores soluções para a sigla fazer seu voo-solo na eleição municipal.
Zeca reafirma o que disse no final da semana passada, ao admitir aos vereadores petistas Marcos Alex, Thaís Helena e Aírton Araújo que está à disposição do partido se a sua candidatura expressar efetivamente uma vontade unitária do PT. Até então, o partido vinha debatendo um cenário com outros nomes na ponta das alternativas, entre os quis os deputados estaduais Pedro Kemp e Cabo Almi e o presidente da Caixa de Assistência dos Servidores Públicos (Cassem), Ricardo Ayache, cuja candidatura ao Senado em 2014 alcançou expressiva votação.
Com Lula de cabo eleitoral à frente do projeto, Zeca tem, de início, algumas portas abertas para instalar novos canais de entendimento visando à disputa campo-grandense. O PR, por exemplo, do ex-deputado federal e ex-candidato a prefeito Edson Giroto. Hoje no staff superior do quadro de assessores técnicos do Ministério do Transporte, ele tem sido um constante parceiro e amigo de Zeca. A parceria é tão intensa que abre perspectivas de caminhos comuns em 2016.
Mesmo crescido sob a sombra do apadrinhamento político e afetivo do ex-governador André Puccinelli, a quem ainda continua ligado, Giroto tem a liberdade de traçar seus rumos, sobretudo depois que fracassou na tentativa de chegar à Prefeitura em 2012. Naquela eleição, vencida por Alcides Bernal (PP), a candidatura de Giroto foi bancada por Puccinelli com todos os riscos.
E agora há quem veja na relação entre Zeca e Giroto um dedo dos interesses de Puccinelli. Seria uma fórmula instigante no quesito competitividade, item indispensável para enfrentar os desafios eleitorais que se aproximam. No ano que vem, o páreo será mais complexo para os concorrentes reais à Prefeitura, com a possibilidade de uma disputa pulverizada, a presença do governo do PSDB como o novo e poderoso fator de desequilíbrio, além das previsíveis e anunciadas rachaduras no PMDB.