30 de dezembro de 2024
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ELEIÇÕES 2022

Vídeo: Felipe Neto mostra homenagem de Bolsonaro a general ditador pedófilo

Cruel ditador de direita mandava militares escolher meninas de 10 a 15 virgens para ele violar; Em 2019 Bolsonaro disse que ele era um "homem de visão"

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O digital influencer Felipe Neto resgatou um vídeo em que o candidato a presidência no Brasil, Jair Bolsonaro (PL), elogia o ex-ditador paraguaio General Alfredo Stroessner. Esse foi o mais longevo dos ditadores militares de extrema-direita da América do Sul. Stroessner torturou os paraguaios de 1954 a 1989 em um regime de corrupção, pedofilia, estupros, violações de direitos humanos e perseguição política. Mais 120 pessoas paraguais estão até hoje desaparecidas em razão de terem sido capturadas pelas forças militares da ditadura stroessnerista.

Neto rebateu um vídeo publicado pelo também influencer digital, eleito deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG). No vídeo de Nikolas, ele condenava o fato de Lula (PT) ter imagens ao lado ditadores de esquerda, com isso, Neto apresentou um vídeo em que Bolsonaro faz elogios a Stroessner. O vídeo de Neto expõe imagens de Bolsonaro em 28 de fevereiro de 2019, em que disse que Stroessner foi um “estadista” e "homem de visão".

Já como presidente, Bolsonaro foi ao país vizinho para cerimônia de nomeação de autoridades para comandar Itaipu, hidrelétrica que os dois países compartilham no Rio Paraná. O presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, havia sido eleito em 15 de agosto de 2018, depois de uma campanha em que tentou se distanciar de seu passado stroessnerista. Porém, o pai de Benítez, Mario Abdo, foi o braço direito do ditador pedófilo por mais de 30 anos e Bolsonaro sabendo disso, desferiu os elogios, considerando o político de extrema direita, pai do então presidente paraguaio, como um "homem de visão".  

Stroessner, entretanto, foi acusado de ser um estuprador e pedófilo em série. A justiça paraguaia aponta que durante seu comando ditador, Stroessner ordenou a criação de um harém de meninas que deviam ter de 10 a 15, pois o criminoso tinha preferência por violar meninas virgens. Eis o vídeo de Neto:  

INVESTIGAÇÕES

Segundo os investigadores do Departamento de Memória Histórica e Reparação do Ministério da Justiça em Assunção, Stroessner estuprava em média quatro meninas novas por mês. Isso é, em três décadas e meia de ditadura, ele teria violado mais de 1.600 crianças.

Os militares buscavam e sequestravam meninas da área rural de acordo com os “gostos” de Stroessner e seus ministros. Volta e meia os militares também faziam essa sombria “colheita” de meninas pelas ruas da própria capital, Assunção. 

Um dos casos investigados pela Comissão de Verdade e Justiça do Paraguai é o de Julia Ozorio. Ela tinha apenas 12 anos quando foi sequestrada da casa de seus pais no vilarejo de Nova Itália, em 1968. O sequestro foi realizado pelo coronel Julián Mier, comandante do regimento encarregado da guarda pessoal de Stroessner. Julia foi levada à chácara onde ficava o harém do ditador, e ali foi escrava sexual durante três anos.

Depois do ditador, a menina foi repassada a oficiais, suboficiais e soldados. Quando fez 15 anos, Ozorio foi considerada “velha demais” e solta. Ela se mudou para a Argentina onde, em 2008, publicou suas memórias: Uma rosa e mil soldados.

Os crimes da ditadura stroessnista — como torturas e assassinatos de civis opositores — estão sendo investigados na Justiça paraguaia desde meados dos anos 90. No entanto, os crimes sexuais somente começaram a ser investigados em 2016. As primeiras denúncias sobre os estupros sistemáticos do ditador paraguaio, porém, foram publicadas pelo jornal americano The Washington Post no distante ano de 1977, quando o regime estava em seu apogeu. O tradicional jornal da capital americana classificou Stroessner e seu entourage de altos oficiais de “depravados sexuais”.

Stroessner morreu impune aos 93 anos em 16 de agosto de 2006 no hospital Santa Luzia de Brasília, no Distrito Federal.

*Com O Globo.