23 de dezembro de 2024
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Vereadores aguardam que documentos do 'Tapa Buraco' expliquem o que o secretário não sabe

Valtermir Brito não conseguiu explicar contratos e serviços, mostrou-se despreparado, e ainda assim os vereadores da base elogiaram, provavelmente seu esforço

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Vereadores da base aliada que vêm blindando o secretário Valtemir Brito, da Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação) consideram que sua ida à reunião pública para discutir "tapa-buraco" foi positiva, ainda que não tenha conseguido responder às questões propostas. O superintendente municipal de Comunicação, Edson Godoy, compareceu à sessão na clara intenção de aferir a reação  dos vereadores à visita de Valtemir.

Preferindo culpar a empresa cujo funcionário foi filmado tapando buracos onde eles não existem, os vereadores não discutiram o fato de outras seis empresas desenvolverem o mesmo serviço e elas também não serem fiscalizadas, enquanto é visível e notória a multiplicação dos buracos em todas as vias de todas as regiões.

O vereador Chiquinho Telles (PSD), quando se referiu à reunião, observou que o secretário trouxe um belo programa de governo, mas teria que ter se preocupado em trazer mais documentos e oferecer mais respostas. “Foi a primeira etapa de uma série de coisas que tem que fazer. Precisa trazer respostas o mais rápido possível, vir acompanhado de técnicos responsáveis, empreiteiros. A iniciativa de comparecer à audiência foi boa”, disse.

Durante a palavra livre, no entanto, Chiquinho Telles não poupou críticas e disse que faltou respaldo ao secretário, que compareceu sem estar devidamente preparado. Enfatizando a necessidade de saber como é feito, qual a qualidade do produto utilizado, se os caminhões são apropriados para comportar o produto, e se estão sendo obedecidas as normas técnicas na execução do serviço, lembrou que a Selco é apenas uma das empresas, mas lembrou que esse serviço sempre houve e sempre vai haver. “Precisamos que haja um controle, uma fiscalização para que os erros não se repitam. Agora nos resta aguardar a entrega dos documentos”, finalizou Telles.

A mesma linha foi defendida pelo vereador Eduardo Romero (PTdoB), que valorizou o fato de Valtemir haver comparecido por vontade própria, sem que houvesse sido requerida oficialmente sua presença. “A audiência não foi esclarecedora, no entanto garantiu a entrega dos documentos necessários para que nós possamos analisar e avaliar. Não sei qual foi o prazo acertado para a chegada dessa documentação, mas acredito que ficará entre 10 e 15 dias”, disse Romero.

O vereador Airton Saraiva (DEM) defendeu o secretário, lembrando que o prazo entre o dia em que anunciou sua visita e a reunião foi muito curto para que ele tivesse se preparado para responder aos questionamentos – ainda que seria o esperado que ele estivesse ciente do que acontece em sua secretaria –, e lembrou que ele pediu tempo para endereçar as respostas às perguntas formuladas.

Estabelecer um Comitê de Monitoramento formado por técnicos do governo municipal e membros da sociedade, nos melhores moldes da moderna administração pública foi a sugestão da vereadora Carla Stephanini (PMDB).

Oposição e CPI

Os seis vereadores que assinaram o pedido de CPI proposta pela vereadora Luiza Ribeiro, tentaram sem grande êxito, convencer os demais vereadores para que, dado o esvaziamento da audiência, assinassem eles também o documento. Enquanto o Chiquinho Telles tecia críticas à falta de planejamento do governo Olarte, Alex do PT, em aparte, o convidou a assinar a CPI. Telles disse que, se os documentos não forem entregues, ou se as respostas e principalmente as ações não forem a contento, ele assinará sim, não tem qualquer problema para isso, mas que todas as etapas devem ser queimadas antes.

Para Luiza Ribeiro, a ida do secretário não esclareceu como vem sendo executados os serviços de tapa-buracos em Campo Grande, e ainda sobre os contratos e aditivos referente às empresas que prestam serviços, qual o valor investido nestes serviços, comparativo com gastos com anos anteriores e a forma como é feita a fiscalização.

“Infelizmente o Secretário não trouxe informações imprescindíveis como as tabelas de investimentos feitos pela Prefeitura nos últimos anos, não informou sobre a fiscalização dos serviços, ordem de serviços e sobre quais as empresa contratadas com os respectivos valores. Neste sentido somente uma CPI para aprofundar a discussão e trazer transparência em relação ao serviço de tapa-buracos na capital”, comentou a vereadora.