23 de dezembro de 2024
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Vereador se diz inocente, mas em 2012 rumores apontavam para suposto envolvimento com pedofilia

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"Nem tudo é o que parece ser", diz o ditado, e em Campo Grande, surpresas devem surgir nos próximos dias devido ao escândalo envolvendo uma suposta rede de pedofilia e prostituição bancada por políticos locais.

Depois da prisão, em flagrante, do ex-vereador Robson Martins e do empresário Luciano Roberto Pageu, na última quinta-feira, veio à tona aquilo que pode se transformar em um dos mais infelizes episódios envolvendo políticos da Capital. Robson, que foi preso tentando extorquir o vereador Alceu Bueno, presidente regional do PSL e pastor evangélico, teria declarado à polícia que Bueno seria, supostamente, cliente da possível rede de pedofilia e prostituição que há alguns anos se estabeleceu em Campo Grande.

Robson já havia se envolvido em um caso de estupro em 2003, e chegou a responder processo na justiça. O processo foi arquivado, mas sua carreira política jamais decolou. Tudo indica que ele de fato possa ser um dos cabeças desse ardiloso esquema que alicia menores para suprir desejos e necessidades de políticos, que usam de sua influência, poder e dinheiro para praticar atos, considerados por lei, criminosos.

O ex-vereador, no entanto, pode não estar sozinho e talvez Bueno não seja o "homem de bem" que se diz ser. No final de 2014, o MS Notícias recebeu denúncias de famílias do interior do Estado desesperadas que se diziam, supostamente, vítimas do "desejo" do vereador Alceu Bueno. Os denunciantes contaram que, em 2012, quando ele era candidato a vereador na Capital, Bueno teria praticado atos de pedofilia, que de acordo com as informações repassadas à época ao MS Notícias, teriam se repetido algumas vezes, porém como os denunciantes não quiseram se identificar publicamente, os relatos não foram divulgados.

A identidade dos denunciantes continuará sendo mantida nesta reportagem por uma questão de seguranças, mas os relatos feitos por eles à equipe de reportagem apontam Bueno como suposto pedófilo, abusando de crianças.

Agora que o escândalo explodiu, o vereador nega e diz que ele próprio denunciou a tentativa de extorsão de Robson à polícia por ser inocente, porém, se, você leitor, fizer uma análise racional e imparcial dos fatos provavelmente acabará com algumas questões pairando no ar. Por que Robson iria extorquir justamente Alceu Bueno, apenas ele, e dizendo ter em mãos vídeos e fotos que comprovariam o suposto crime de pedofilia? Em todo país, a imprensa já registrou diversos casos de políticos que ao se verem à mercê de chantagistas que tinham em mãos provas de seus crimes adotaram a tática da inocência e denunciaram os golpistas à polícia.

Aliás, alegar inocência é uma característica comum daqueles que sofrem da patologia de pedofilia. A maioria dos pedófilos, conforme informações da ONG Brasil Sem Pedofilia, são aparentemente pessoas de bem, casados, pais de família, pessoas que seguem alguma religião, defensores da moralidade, que têm discurso inflamado contra qualquer tipo de desvio relacionado à sexualidade.

Segundo o delegado titular da DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente), Sérgio Lauretto, responsável pela operação, na próxima quarta-feira uma provável lista com nomes de pessoas envolvidas será divulgada. Resta saber se o nome de Alceu Bueno estará nela ou não. 

Enquanto a polícia investiga, colhe depoimento de Robson e de Luciano, que estão temporariamente presos, e de possíveis vítimas dessa rede de pedofilia e prostituição, fica a dúvida no ar. Por que apenas ele, justamente, Alceu Bueno, pastor, pai de família, que se auto declara homem de bem, seria o alvo de Robson e Luciano? Será que Robson, que já esteve envolvido em escândalo de estupro seria tão ingênuo ao ponto de tentar extorquir um vereador conhecido como Bueno sem provas, sabendo que a polícia poderia estar lhe observando?

Por enquanto são apenas indagações, mas a famílias de pessoas do interior que, em 2012, procuraram a equipe do MS Notícias, dizem não ter dúvidas sobre o real envolvimento do vereador, pastor evangélico, Alceu Bueno no caso. A reportagem entrou em contato com o vereador, mas ele não atendeu, caso Bueno retorne publicaremos a resposta.