22 de dezembro de 2024
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POLÍTICA

Três homens: Bolsonaro, Ratinho e Hang, capital ao custo de vidas

Ratinho na TV; Hang na web e Bolsonaro no poder. Juntos, eles tentam contar a 'hestória' de 'vírus fantasia' aos brasileiros

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EDITORIAL - O presidente da república Jair Bolsonaro (sem-partido), o empresário Luciano Hang, dono das Havan e o apresentador de televisão, Ratinho, somam forças para tentar convencer o povo de que o coronavírus “não é tão perigoso assim”; em entrevista ao apresentador de TV, Bolsonaro disse que o povo logo vai notar que está sendo enganado pelos governadores e pela mídia brasileira, acontece que o que se nota são milhares de mortes sendo contabilizadas pelo mundo. Ratinho foi até Brasília com a missão de limpar a barra do presidente e visivelmente parcial, disponibilizou na noite da última sexta-feira (20.março), todo seu programa à intenção de se dirigir às camadas mais populares do país para tentar explicar as ações de Bolsonaro diante da covid-19. O resultado não foi satisfatório. Hang por sua vez, teve lojas fechadas pela Polícia Militar, na terça-feira (17.março), na ocasião, desobedeceu decreto do governador Carlos Moisés (PSL de Santa Catarina) que permitia apenas estabelecimentos considerados como essenciais, como farmácias, supermercados e postos de combustíveis de funcionar.

Vamos por parte, comecemos com o presidente Jair Bolsonaro, que se vê afundando com um governo engessado. A negligência bolsonarista diante da pandemia do novo coronavírus foi a gota d`água e fez as panelas tocarem no país inteiro. Desta vez, o bolsonarismo não conseguiu disfarçar, mas tenta ainda fazer uso do vitimíssimo: “está sozinho”; “luta pelo povo”; etc. As historinhas contadas pelo presidente já não contentam as famílias assoladas por um vírus cruel. A incompetência de gestão do governo se apoia nas batalhas de narrativa. A realidade dos cadáveres da pandemia atropelou quem até ontem jurava que tudo não passava de “fantasia” e “histeria” da imprensa.

Sem ter quem atacar, sendo ele o responsável por seu naufrágio. Bolsonaro, como uma criança que faz “birra” se voltou contra os gestores dos estados brasileiros. Seu principal rival político “Dória”, não deixou barato deu diagnostico ao quadro psicológico do presidente: “É um lunático”, afirmou a respeito o paulista João Doria.

No sábado, Doria havia criticado o presidente por relativizar a gravidade do novo coronavírus. “Ele está aproveitando desse momento para crescer politicamente”, retrucou Bolsonaro, em entrevista à CNN Brasil, a mesma postura o presidente adotou para tentar rebater todos aqueles que o criticaram.

No domingo, falando à Record, voltou ao tema. “Brevemente o povo saberá que foi enganado por esses governadores e por grande parte da mídia nessa questão”, disse ao programa Domingo Espetacular.

Bolsonaro demostrou irritação com o repórter Eduardo Ribeiro. Quando perguntado sobre os panelaços, ele levantou o tom. “Não estou preocupado com minha popularidade”, se queixou. "Ninguém acredita em pesquisa no Brasil. Este panelaço foi incentivado pela TV Globo, endossado pela revista Veja", voltou atacar a imprensa, mesmo sabendo que sua popularidade caiu e seus aliados estão deixando o navio.

Desde o começo da grave crise, Jair Bolsonaro vem remando contra. Inclusive desautorizou seu ministro da Saúde, Henrique Mandetta, e desrespeitou normas determinadas por seu próprio governo. Além disso, Bolsonaro começa a revelar que mente descaradamente ao povo brasileiro. Internautas criticam a posição de Bolsonaro de não tornar público os resultados de exames que fez para saber se foi infectado ou não pelo coronavírus. O presidente diz não estar infectado, mas 23 pessoas que estavam em sua comitiva aos EUA contraíram a doença. Esconder a verdade dos seus eleitores pode ser a aposta mais cara que presidente fez, agora, desfazer a mentira colocará seus apoiadores em uma posição de enganados, e isso, eles podem não aceitar. 

Não são apenas os brasileiros. Ian Bremmer, presidente do Eurasia Group, considerou Bolsonaro o líder mundial mais ineficaz na resposta ao novo coronavírus. Ele, que é um dos mais respeitados consultores do mundo, segundo o Estadão.

O APRESENTADOR

Ratinho, por sua vez, não quer dar o braço a torcer e continua irrevogavelmente acreditando que escolheu o gestor certo, mesmo todos os dados econômicos, sociais, sensor público/web, sensor positivo ao presidente, atestando o fracasso de Jair Bolsonaro. A rede de aliados digitais do presidente Jair Bolsonaro não estão tão ativas agora como na eleição de 2018. Todas as energias dos que restam do grupo se voltaram para protegê-lo e atacar seus críticos, especialmente a mídia e jornalistas. 

O posicionamento político de Ratinho já lhe rendeu prejuízos, até mesmo financeiros.

O apresentador foi condenado a pagar uma indenização de R$ 150 mil a uma família por danos morais, após expô-la de forma vexatória em seu Programa do Ratinho (SBT). Ratinho, que é expressamente contra como a mídia se comporta no Brasil, acabou sendo condenado pela Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por praticar sensacionalismo e expor uma família. 

De acordo com o processo, o programa exibiu ao vivo uma matéria em que a equipe de reportagem entra na residência de uma família em São Paulo, sem autorização da mesma, com o objetivo de confrontar um pai sobre a venda de uma rifa.

O repórter entrou na casa, lá havia apenas a filha do casal, de 14 anos, vestida com trajes de dormir. Além dela, estavam na casa seu namorado e uma criança de 2 anos. Mesmo assim, o repórter entrevistou a menor de idade. "A menor foi ofendida pela plateia do programa, que estava sob orientação remota do apresentador Ratinho, o que aumentou o constrangimento público imposto à família", diz a nota divulgada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.

Ratinho até chegou ordenar imediatamente o desligamento das câmeras ao saber a idade da entrevistada.

VEJA A ENTREVISTA DE RATINHO COM BOLSONARO 

O EMPRESÁRIO

Luciano Hang. Foto: Reprodução 

Luciano Hang, o dono da Havan e um dos símbolos do bolsonarismo, postou um vídeo no Youtube em que reforçou o discurso do seu ídolo, o presidente Jair Bolsonaro. Chamou a crise provocada pelo coronavírus de histérica e disse que o Brasil não pode paralisar pois a economia vai perder muito, ignorando centenas de mortes já causadas pelo COVID-19 no país. “Eu, pessoas de idade pegam isso aí saram rápido”, ilustra o empresário durante mais de 50 minutos de vídeo em que se apresenta como um “professor de geografia” e tenta estabelecer imagem e diferenciação social da Itália ao Brasil, assim como tentou Jair Bolsonaro. Ambas as figuras, tentam disfarçar que Itália é um país rico, e não pobre como Brasil. E mesmo, com toda a riqueza, por subestimarem o vírus milhares de pessoas morrem por lá. 

“Pessoal, o que nós estamos vendo nesse país hoje é uma histeria que não deveria estar acontecendo”, diz o empresário, citando uma série de fake news comparando o Brasil com a Itália, onde segundo ele, morreram pessoas com “idade média de 80 anos”. “Eu falei para o meu pessoal aqui, nós vamos pegar a gripe e não vai ter problema”, ressaltou.

Para tentar pressionar o governo, em seu vídeo o empresário emenda ameaçando demitir 22 mil funcionários se o país não voltar a funcionar.

Hang esbanjou falta de empatia, disse no vídeo que mesmo fechando terá dinheiro para ir para a praia. Apesar disso, acredita-se que o empresário tenha feito alta aposta, abriu várias lojas pelo país e estaria endividado, isso lhe causa o desespero a ponto de colocar em risco as vidas de seus funcionários e de pessoas por todo o país. 

VEJA O VÍDEO: