06 de outubro de 2024
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OPERAÇÃO VIGILÂNCIA APROXIMADA

Toc, Toc: PF faz buscas na casa e gabinete de Carlos Bolsonaro

Além de Carluxo, são alvos da operação: Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, assessora do vereador; Priscila Pereira e Silva, assessora deAlexandre Ramagem, Jean Carlo Gomes Rodrigues, militar do Exército que atuou na Abin e um agente da PF

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A Polícia Federal amanheceu nesta 2ª feira (29.jan.24), na casa do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), em Angra dos Reis. Ele é suspeito de fazer uso político de instrumentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de seu pai, Jair Bolsonaro (PL). 

Foram cumpridos mandados de busca e apreensão também no gabinete de Carlos Bolsonaro, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. 

Além do extremista de direita, são alvos da operação: Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, assessora do vereador; Priscila Pereira e Silva, assessora do deputado federal Alexandre Ramagem; e Jean Carlo Gomes Rodrigues, militar do Exército que atuou na Abin durante o governo Bolsonaro. Na casa dele, em Salvador (BA), a PF apreendeu 10 aparelhos celulares.

Os investigadores também descobriram que na própria PF estava infiltrado o bolsonarista Marcelo Bormevet, que usava as redes para compartilhar conteúdo do filho de Jair Bolsonaro, que chamava pelo apelido de CB. Entre julho e novembro de 2020, Marcelo Bormevet compartilhou 13 conteúdos de Carlos Bolsonaro ou ligados a ele em sua conta no antigo Twitter (atual X).

Marcelo e Carluxo. Foto: Reprdoução

De acordo com os federais, os mandados de buscas e apreensão são desdobramento da operação Vigilância Aproximada, desencadeada na semana passada e que mirou o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Ramagem chefiou a Abin de julho de 2019 até março de 2022, quando deixou o cargo para concorrer a uma vaga na Câmara.

Também conhecido como Carluxo, o vereador é uma das personalidades da extrema direita brasileira mais radicais e teria se beneficiado das informações produzidas pela chamada “Abin paralela”.

Segundo a PF, o ex-diretor-geral da Abin utilizou o software First Mile para monitorar aproximadamente 1,5 mil pessoas. Todas de forma ilegal.

A PF informou em nota que “estão sendo cumpridos nove mandados de busca e apreensão em Angra dos Reis/RJ, (1) Rio de Janeiro/RJ (5), Brasília/DF (1), Formosa/GO (1) e Salvador/BA (1)”.

“Nesta nova etapa, a Polícia Federal busca avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas. Nessas ações eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público”, informou a PF em comunicado à imprensa.

Clã bolsonaro criou Abin Paralela. Foto: ReproduçãoClã bolsonaro criou Abin Paralela. Foto: Reprodução

Ainda conforme a PF, a 'Abin Paralela' agiu para ajudar a família Bolsonaro em diferentes investigações. A Abin teria preparado relatórios para ajudar os advogados do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das rachadinhas. Teria também tentado produzir provas a favor de Renan Bolsonaro no inquérito sobre suposto tráfico de influência.

A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na decisão do ministro (a íntegra), consta um relatório da PF que indica a instrumentalização da Abin sob o comando de Ramagem.