Carlos Bolsonaro ligou à Jair Bolsonaro para alertar que teme ser o próximo a ser preso pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O filho 02 estava há semanas sem falar com a família após ter brigado com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. A informação é do Gilherme Amado, do Metrópoles.
De acordo com Amado, o 02 pressionou o pai para apresentar os pedidos de impeachment contra Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
Diante da pressão Jair Bolsonaro ingressou na tarde desta sexta-feira (20.ago) com um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Além da destituição do cargo, Bolsonaro pede o afastamento do ministro de funções públicas por oito anos.
A formalização ocorreu no dia em que a Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços do cantor Sérgio Reis e do deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), aliados do presidente.
As medidas foram solicitadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e autorizadas por Moraes.
Auxiliares palacianos viram na apresentação do pedido uma reação de Bolsonaro à operação da PF. Ele havia anunciado que também pediria o afastamento do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, o que não ocorreu.
Em entrevista às emissoras Record e SBT na noite desta sexta, Bolsonaro disse que o pedido contra Barroso será apresentado "nos próximos dias". O STF repudiou a ação de Bolsonaro. Nota oficial sem assinatura, em nome de todo o tribunal, afirmou que a corte "manifesta total confiança" em Moraes.
Não há precedente na história brasileira de um presidente da República pedir o impeachment de um ministro do STF.
No último sábado (14), um dia após a prisão de seu aliado Roberto Jefferson, Bolsonaro anunciou que iria ingressar com o pedido. A detenção do ex-deputado ocorreu também por ordem de Moraes após ataques às instituições.
Bolsonaro argumenta ao pedido que o ministro cometeu crime de responsabilidade no âmbito do inquérito das fake news, no qual o mandatário foi incluído por Moraes por ataques ao sistema eleitoral.
Segundo Bolsonaro, os atos praticados pelo ministro "transbordam os limites republicanos aceitáveis” e Moraes não “tem a indispensável imparcialidade para o julgamento dos atos” do presidente da República.
O pedido de impeachment foi assinado pelo próprio presidente da República, o que é incomum. Em processos do chefe do Executivo, quem geralmente assina é a AGU (Advocacia-Geral da União), atualmente sob o comando de Bruno Bianco.
Se o advogado-geral assinasse a peça, ficaria numa saia-justa. Ex-secretário especial da Previdência, Bianco assumiu o cargo no começo de agosto. Em menos de um mês, já iria se indispor com o STF.