Funcionários da Solurb, empresa responsável pela coleta de lixo em Campo Grande, paralisaram atividades nesta quarta-feira (9). Segundo o sindicato da categoria, a Solurb está com o salário atrasado do mês de agosto, por consequência do atraso da prefeitura há 3 meses, que deve R$ 23,7 milhões à empresa, além da solicitação de reajuste, que deveria ser indexado há 14 meses atrás.
Diante do impasse, o vereador Airton Saraiva (DEM) durante sessão ordinária na Câmara Municipal na manhã desta quarta-feira (9) alertou que o momento não é de conflitos e sim de negociação política para resolver o problema entre a prefeitura e a Solurb.
“O prefeito tem que entender que ele chegou em um momento de crise, agora a necessidade é de “rebanhar”, negociar, se ele acha que vai chegar ‘peitando’ e falando mal, não vai resolver. É no mesmo tom que ele está vindo no passado e isso começa a dar o tom de que o revanchismo está de volta. Ele chegou na Câmara e disse: “Joguei o retrovisor fora”, mas parece que ele guardou. O que a gente quer não é briga, não podemos voltar na mesma discussão, temos que avançar, tem que sentar e negociar, isso é gestão”, diz Saraiva, analisando negativamente as atitudes do prefeito Alcides Bernal, em relação a resolução do entrave entre a Solurb e em relação as merendas que foram encontradas vencidas da Rede Municipal de Ensino.
Saraiva, no entanto, não explicou todo o apoio dado ao ex-prefeito empossado pelo grupo do qual fazia parte. Não explica as toneladas de alimentos vencidos e deteriorados pelo "capricho" do ex-prefeito na tentativa de desestabilizar a greve dos professores, gerada a partir do descumprimento de Lei, por ele mesmo promulgada.
Saraiva, um serviçal da gestão Nelsinho Trad - acusado em diversas investigações da Justiça -, articulador da cassação do prefeito eleito Alcides Bernal, avalista da gestão Gilmar Olarte, atuando por vezes como líder extraoficial do prefeito na Câmara Municipal, chegando a discursar contra requerimentos que apenas solicitavam informações que, hoje, se tem como imprescindíveis, uma vez que os "erros" administrativos de um prefeito acusado pela Justiça por corrupção e lavagem de dinheiro, dariam mais do que motivos suficientes para um legislativo - que tem por função, entre outras, a fiscalização do executivo - investigar desvios e malservações, nesse momento busca, ainda no uso da palavra em plenário, cobrar ações do prefeito eleito e recém-empossado pela Justiça, mesmo que no momento esteja sob investigação do Ministério Público Estadual, na Operação Coffee Break, e sob investigação do Conselho de Ética de seus pares.
Já o vereador Alex do PT, ainda não confirmado líder do prefeito na Câmara, afirmou que é preciso ter um controle da situação para só assim tomar uma atitude em relação a números e pagamentos. “O caminho é o diálogo. O Bernal tem que saber o que está acontecendo, tem que ficar por dentro, e só assim tomar uma posição. Tem que levantar o diagnóstico e ai sim mostrar para a sociedade. Ele tem responsabilidade sobre a máquina, a gestão e isso vai ser feito ao longo do trabalho dele enquanto prefeito”, afirmou Alex.
Em nota, a prefeitura informou que os pagamentos estão em dia e solicitará a ação da Justiça para que a coleta de lixo não seja paralisada. Confira na íntegra.
Em 2013, quando assumimos a administração municipal, enfrentamos as mesmas dificuldades, criadas pelos mesmos personagens, que estamos enfrentando hoje. Ao reassumirmos a prefeitura, encontramos o cofre sem recursos, a despensa vazia, a farmácia desabastecida e muitas dívidas a serem pagas. O dinheiro sumiu e as contas ficaram.
A Solurb, empresa responsável pela coleta de lixo, já recebeu em 2015, o valor de R$ 56 milhões, sendo que o último pagamento ocorreu no dia 24 de agosto. Não existem pagamentos em aberto com a Solurb, pois as despesas dos serviços dos meses de junho e julho ainda não foram liquidadas.
O processo está em andamento para ser atestada a prestação de serviço e somente após a medição e conferência minuciosa é que novo pagamento será feito. Lembrando que pela legislação, a prefeitura tem até 90 dias para realizar o pagamento, prazo também previsto no contrato firmado entre a empresa e a administração.
É fundamental relembrar que os proprietários desta empresa estão envolvidos na Lama Asfáltica e no Coffe Break, operações da Polícia Federal e Gaeco, acusados de diversos crimes, inclusive o de tramar a cassação do nosso mandato.
E da mesma forma que em 2013, novamente a Solurb deixa de pagar seus funcionários para pressionar a administração municipal. Não aceitaremos que esta situação se repita. Já estamos tomando todas providências legais, acionando o Ministério Público do Trabalho e a Justiça e não iremos permitir que os interesses individuais e escusos de quem quer que seja penalizem a nossa população.