22 de dezembro de 2024
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"ANTIELEIÇÃO"

Retórica: Bolsonaro apontou eleição fraudada nos EUA, mas quer voto impresso no Brasil  

Político ameaçou não ocorrer eleições em 2021. Ação ocorre em um momento que perde apoiadores por ter defendido flexibilização da Lei da Ficha Limpa

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Em férias em São Francisco do Sul (SC), onde andou sem máscara, passeou com Ratinho, comemorou as milhares de mortes provocadas pelo vírus no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse ontem, 3ª-feira (22.dez.2020) para seus apoiadores esquecerem a eleição presidencial de 2022 caso o Congresso Nacional não aprove a lei que institua o voto impresso. Há poucos meses atrás, quando ocorria as eleições americanas, onde o voto é imprenso, Bolsonaro disse que poderia ter ocorrido fraude, isso porque o seu ídolo, Donald Trump (Republicanos) foi derrotado. Em cerimônia de Janeiro de 2021 assumirá Joe Biden (Democrata) que deseja unificar o páis dividido pelo magnata, durante seus 4 anos de administração.  

A declaração de Bolsonaro ocorre em um momento que sua política populista enfraquece, pois ele, como político de carreira que é, sabe que caso ocorra eleições em urnas invioláveis como a do Brasil, ele não terá chances de vencer. A ameaça que parece singela feita pelo político ontem indica dois caminhos: ou ele não concorrerá temendo a derrota ou ele não permitirá que ocorra as eleições presidenciais ferindo a Constituição vigente no país.  

A declaração "antieleição" é a mais expressa feita por Bolsonaro desde que assumiu o cargo de presidente. Àquela altura apoiado por seguidores de Sérgio Moro, que agora já não mais o seguem. Bolsonaro sabe que perdera muitos votos desde ter declarado apoio a decisão monocratica do ministro do Supremo Tribunal Federal Kassio Nunes, pelo fim de 8 anos de afastamento de políticos enquadrados na Lei da Ficha Limpa. Tal decisão de Bolsonaro colocou ele de frente com seguidores mais experientes na política que perceberam uma mudança de tom do populista. 

Bolsonaro também enfrenta nesse momento dificuldades para manter investigadores longe de sua família. Mesmo tendo em suas mãos a cúpula da Polícia Federal (PF), o político assiste o cerco se fechando para seus filhos, ambos políticos, suspeitos de rachada e lavagem de dinheiro. Além disso, Bolsonaro ainda não conseguiu apresentar defesa coerente no caso em que seu ex-ministro da Justiça, Sergio Moro o acusou de estar interferindo na PF para "proteger amigos e familiares".