O poder do ex-governado André Puccinelli (PMDB) fez com que o partido afunilasse e, ainda como grande partido do estado, não permitisse que novas lideranças surgissem. Expurgados da prefeitura da Capital e derrotados na eleição para o governo do Estado, ainda que tenha força legislativa tanto na Assembleia Legislativa quanto na Câmara Federal e Senado, o partido terá dois anos para rearranjar a ordem das peças no tabuleiro de xadrez e, mais uma vez, Puccinelli joga com as peças pretas.
Ainda que seja insondável como uma esfinge, André guarda suas pretensões e observa os lances dos adversários, numa falsa estratégia de defesa. Caso o deputado federal e ex-governador José Orcírio Miranda dos Santos (Zeca do PT) decida por concorrer à prefeitura da Capital, buscando uma inédita vitória petista, Puccinelli acredita que é o único nome capaz de derrotá-lo.
Caso o PT desista de concorrer a prefeitura de Campo Grande ou apresente a candidatura do ex-deputado Antonio Carlos Biffi – único provado nas urnas e disponível para o embate, Puccinelli deverá formar chapa ao Senado com Waldemir Moka, concorrendo ambos às duas vagas nas eleições 2016, partindo para um novo confronto com Delcídio do Amaral (PT), que saiu fragilizado após ser derrotado por Reinaldo Azambuja (PSDB), na corrida pelo governo do Estado.
Marquinhos Trad (PMDB), declaradamente candidato a prefeito, dificilmente irá se aventurar a tentar sua indicação pelo PMDB, pois sabe que mesmo que indicado sofrerá uma oposição interna e um esvaziamento de sua campanha, nos mesmos moldes que foram utilizados na candidatura de Nelsinho Trad (PMDB) em 2014. Mas sem Marquinhos, o PMDB esvaziado em suas lideranças, ou nas que poderiam surgir, não encontra nomes que representem renovação e que possam dar esperança de que o governo de grupos não irá se repetir.
Neste caso, o deputado, caso decida concorrer ao governo municipal, poderá desistir de seu mandato na Assembleia Legislativa e filiar-se a outro partido, ou torcer para que não haja impedimento para a recriação do PL, conforme planeja o ex-prefeito paulistano, Gilberto Kassab (PSD). Caso o Congresso aprove a criação do partido, que funcionaria como “janela de infidelidade” para que políticos eleitos por partidos da oposição venham a engrossar a base do governo petista da presidente Dilma Rousseff, sem que percam seus mandatos, Marquinhos Trad poderia ser um dos filiados, manteria sua cadeira na Assembleia e ainda poderia formar uma coligação com o PTB, que estaria sob o comando dos irmãos Fábio e Nelsinho.
A se desenhar este quadro, o embate político seria composto por quatro forças que se equivaleriam nas próximas eleições: PTB, com ou sem PL, mas com Marquinhos e sob o comando do clã Trad; PSDB, fortalecido pela conquista do governo do Estado e com a máquina política nas mãos; PT, conquistando votos preciosos dos adversários, mas com poucas chances de vitória e; PMDB do ex-governador André Puccinelli e os demais partidos sob seu comando, como PTdoB, PSB e outras tantas pequenas legendas, ou partidos de aluguel.
Puccinelli, até agora, articula uma redenção dos equívocos de seu governo em troca do apoio da bancada na Câmara Federal, dos dois de três senadores e da bancada do PMDB e seus aliados na Assembleia. Sabe que o governador Reinaldo Azambuja precisa de base que lhe dê condições de governabilidade para fazer um bom trabalho pelos próximos quatro anos, e terá que decidir entre essa governabilidade para o futuro ou a caça às bruxas do passado. Como bom administrador, deverá focar no futuro. Hoje é com isso que conta o ex-governador.