Neste mês de novembro, dois fatos marcantes e com protagonistas do Estado mais rico e mais populoso do Brasil, alimentam a colocação de mais uma nova pedra no mosaico da sucessão presidencial. O primeiro aconteceu dia 19, com o encontro entre o ex-ministro Fernando Haddad (PT) e o ex-governador Márcio França (PSB), para tratar sobre os projetos de sucessão nacional e estadual. O segundo vai acontecer na próxima quarta-feira, 24, no encontro do PSD em Brasília.
As duas situações podem trazer impactos de peso consideráveis na disputa eleitoral de Mato Grosso do Sul. No encontro entre Haddad e França, pré-candidatos ao governo paulista, foram abordados também os efeitos das prévias do PSDB, que devem empurrar o ex-governador tucano Geraldo Alckmin e seu grupo para outro partido, provavelmente o PSB ou o PSD. Como se sabe, Alckmin quer disputar o governo de São Paulo, mas é desafeto do governador João Dória, que quer se impor como nome dos paulistas para concorrer à presidente da Republica.
Dória tenta levar adiante seu projeto pessoal de disputar a presidência e não hesitou em interferir internamente no PSDB, contaminando o processo das prévias, que aconteceriam domingo passado e acabaram adiadas por problemas no aplicativo eleitoral. Além disso, o governador age para inviabilizar os passos político-eleitorais de Alckmin, que é um dos nomes cotados para vice do petista Lula na corrida presidencial, caso não se candidate ao governo de seu Estado.
PROJEÇÕES
Nesse panorama, emergem novas projeções nas sucessões estaduais. Na sua plenária do dia 24 o PSD vai discutir, entre outros assuntos estratégicos, o estágio das tratativas para o ingresso de Alckmin, cuja filiação é disputada com o PSB. Em Mato Grosso do Sul, o esperado adeus de Alckmin ao ninho tucano mexe com os interesses das duas legendas. Uma, a do PSB, é liderada por Ricardo Ayache, presidente da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores Públicos); outra, a do PSD, tem como maior liderança hoje o prefeito Marquinhos Trad, de Campo Grande.
Segundo o deputado federal Vander Loubet, que é um dos principais articuladores da candidatura do ex-governador Zeca do PT, qualquer dessas projeções se encaixa nas amplas possibilidades de alianças que seu partido vem acariciando. O perfil ideológico mais próximo da leitura petista é o do PSB. Em 2014, ainda no PT, Ayache já foi candidato ao Senado e surpreendeu, tendo chegado em segundo lugar.
Sem restrições ou qualquer forma de pendência judicial, vitorioso nas três gestões em que se reelegeu para dirigir a Cassems e dono de um perfil pessoal e político de forte inserção social, Ayache pode dar asas ao voo eleitoral que os petistas locais pretendem fazer em 2022, por meio inclusive da federação partidária, uma inovação que a legislação eleitoral traz para compensar a proibição das coligações.
"Podemos conversar e temos pontos comuns para construir com o Ayache ou mesmo com o PSD um entendimento nesta direção, caso prospere a saída do Alckmin para um desses partidos e ele venha a ser nosso aliado na sucessão presidencial", pontua Vander Loubet.