30 de junho de 2024
Campo Grande 19ºC

OPERAÇÃO CARTÃO VERMELHO

Presos por desviar R$ 10 milhões da FFMS, Cezário, família e TI ganham liberdade

Acusados devem usar tornozeleira eletrônica

A- A+

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul concedeu nesta quinta-feira (27.jun.24) habeas corpus aos sete presos da Operação Cartão Vermelho, acusados de desviar R$ 10 milhões por meio da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS).

Além do presidente da FFMS, Francisco Cezário de Oliveira, de 77 anos, também foram soltos os seguintes seis homens, sendo cinco familiares de Cezário acusados de integrar o esquema criminoso:

  1. Umberto Alves Pereira, o Beto, delegado de jogos;
  2. Aparecido Alves Pereira, o Cido;
  3. Valdir Alves Pereira;
  4. Francisco Alves Pereira, o Caiá;
  5. Marcelo Mitsuo Ezoe Pereira, filho de Beto.

O único que não é integrante da família, mas que também estava preso e ligado ao esquema criminoso, é Rudson Bogarin Barbosa, gerente de TI da Federação de Futebol. Ele também foi solto.  

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) prendeu os sete homens em 21 de maio deste ano. Os investigadores acusam o grupo da prática de crimes de peculato, organização criminosa e até furto qualificado.

Cezário já estava solto desde 5 de junho, em tratamento no Hospital da Cassems. Ele teve um princípio de infarto ao ser informado da morte da irmã, Maria de Oliveira, de 81 anos.

A relatora, desembargadora Elizabete Anache, votou pela manutenção de Cezário em liberdade com o uso de tornozeleira eletrônica.

Agora, assim como Cezário, os seis acusados vão ficar em liberdade com tornozeleira eletrônica.

ALVOS DA OPERAÇÃO CARTÃO VERMELHO

Também são suspeitos de ligação às práticas de crimes à frente da FFMS as seguintes pessoas:

  • Jamiro Rodrigues de Oliveira, vice-presidente da FFMS;
  • Marco Antônio Tavares, vice-presidente e coordenador de competições da federação, que também consta como presidente da Federação de Tênis de Mesa;
  • Francisco Carlos Pereira
  • Francisca Rosa de Oliveira;
  • Marco Antônio de Araújo;
  • Patrícia Gomes Araújo;
  • Sindicato dos Árbitros Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindarbitros); e a;
  • Empresa Invictus Sports, nome fantasia da pessoa jurídica “Patrícia Gomes de Araújo Ltda.” , que tem sede em Dourados e fornece uniformes para clubes em MS. 

O ESQUEMA

O Gaeco sustenta que o grupo desviou recursos de oriundos da Fundação de Desportos de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), via convênio, subvenção ou termo de fomento e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

As investigações sugerem que o grupo realizava constantes saques em espécie de contas bancárias da FFMS. Desde o início das investigações os acusados fizeram cerca de 1,2 mil saques de R$ 5 mil, que totalizou mais de R$ 3 milhões. O intuito era driblar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), órgão administrativo que atua no combate à lavagem de dinheiro no Brasil. 

A organização criminosa, disse o Gaeco, também possuía um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol. “Esse esquema de peculato estendia-se a outros estabelecimentos, todos recebedores de altas quantias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações (seja de serviços ou de produtos) efetuadas pela Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul”, apontou o Gaeco em nota.

MÃO NO COFRE 

Nos últimos 15 anos, a FFMS recebeu R$ 11,5 milhões em verba pública, somente por meio de convênio com a Fundesporte.

Nos últimos três anos foram mais de R$ 3,2 milhões. O suposto destino do dinheiro seria custeio de arbitragem, hospedagem dos times visitantes, alimentação, entre outras despesas previstas apenas para a primeira divisão do Campeonato Estadual.

Para a edição de 2024, que durou três meses, foi repassado R$ 1,2 milhão, o maior valor depositado desde então. Eis a tabela de repasses: 

O ex-diretor-presidente da Fundesporte, Herculano Borges, responsável pelos últimos repasses, disse que soube da operação pela imprensa. Herculano deixou o cargo em abril para disputar as eleições municipais em outubro. Ele não quis comentar a operação.  

NOME DA OPERAÇÃO

O nome da operação, Cartão Vermelho, faz alusão ao instrumento utilizado pelos árbitros para expulsar os jogadores que cometem faltas graves durante as partidas de futebol – em referência metafórica ao crime cometido pela organização.