07 de setembro de 2024
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OPERAÇÃO TROMPER

Prefeitura vira 'freguês' do GAECO por desvio de R$ 13 milhões

Servidor da prefeita Vanda Camilo e empresários foram presos nesta manhã

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A prefeitura de Sidrolândia (MS), chefiada por Vanda Camilo (PP), sofre, na manhã desta 6ª feira (21.jul.23), nova devassa de investigadores do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS). Eis a nota do MPMS

O Grupo Especial de Combate à Corrupção (GECOC) e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), cumprem quatro mandados de prisão e cinco de busca a apreensão na repartição pública acusada de ter sido saqueada por uma organização criminosa especialista em desviar recursos públicos. Trata-se da 2ª fase da Operação Tromper ('enganar', no francês). 

(21.jul.23) - Servidor da prefeitura de Sidrolândia sendo levado por agentes do GAECO nesta 6ª feira. Foto: Cezar Dias | TV Planalto Sidrolandia(21.jul.23) - Servidor da prefeitura de Sidrolândia sendo levado por agentes do GAECO nesta 6ª feira. Foto: Cezar Dias | TV Planalto Sidrolandia

Nesta 2ª fase, foram presos os empresários Roberto Valençuela, proprietário da R&C Comércio Serviços, e Ueverton Macedo, conhecido como "Frescura" e proprietário da mecânica Everton Lucero. E também foi preso o servidor do Setor de Compras e Licitações de Vanda Camilo, Tiago Basso da Silva. 

Da esquerda para a direita: Roberto Valençuela, Ueverton Macedo, conhecido como ‘Frescura’ e Tiago Basso da Silva. Fotos: Região News, Reprodução 

Eles são suspeitos de integrarem um esquema de sonegação fiscal, peculato, associação criminosa e fraudes em licitações municipais para favoreceram as empresas Rocamora Serviços de Escritórios, R&C Comércio Se Lucero e 3M produtos. Juntas, as empresas citadas receberam mais de R$ 13 milhões da prefeitura de Sidrolândia.

Uma 4ª pessoa ainda é procurada. Além das prisões, hoje os agentes do Gaeco fizeram apreensões de documentos em setores da prefeitura e estiveram na sala da prefeita Vanda Camilo. A pepista ainda não se manifestou sobre a devassa. 

PRESOS NA 1ª FASE 

Residências em Sidrolândia foram alvos de buscas pelo Gaeco. Foto: Região NewsResidências em Sidrolândia foram alvos de buscas pelo Gaeco. Foto: Região News

A 1ª fase, como mostramos aqui no MS Notícias, foi deflagrada em 18 de maio deste ano e desmontou um esquema de fraude em licitações da prefeitura. Na 1ª fase a Tromper cumpriu 16 mandados de busca e apreensão. E fez apreensões no paço municipal. Uma quantia em dinheiro que estava em um cofre e armas de fogo foram apreendidas.

Até o momento a polícia prendeu os seguintes alvos entre pessoas físicas e jurídicas externas a adminstração municipal:

  • Ueverton da Silva Macedo
  • Ricardo José Rocamora Alves
  • Odinei Romeiro de Oliveira
  • Evertom Luiz de Souza Luscero
  • Roberto da Conceição Valençuela
  • Robson de Lima Araújo
  • Rocamora Serviços de Escritório Administrativo Eirelli (PC Mallmann)
  • Odine Romeiro de Oliveira – ME (Romeiro Prestadora)
  • Evertom Luiz de Souza Luscero Eirelli
  • R&C Comercio.

Diante do que informam os investigadores, o esquema de corrupção teria sido instalado na prefeitura na gestão de Marcelo de Araujo Ascoli (PSL). 

 O ex-prefeito de Sidrolândia, Marcelo Ascoli.  O ex-prefeito de Sidrolândia, Marcelo Ascoli. 

Segundo os investigadores, desde 2017, por meio da abertura de empresas de fachada, servidores e empresários da cidade sul-mato-grossense estavam obtendo vantagens indevidas. 

Na época da 1ª fase da Tromper, o site de Sidrolândia, Região News, entrevistou o empresário bolsonarista Roberto da Conceição Valençuela, dono da R&C Comércio Serviços e Manutenção Ltda (R&C Dedetizadora), que foi um dos alvos de busca e apreensão da Tromper. "Estou à disposição da Justiça e vou prestar os esclarecimentos necessários“, assegurou o empresário. A R&C atua na manutenção de prédios públicos e ano passado recebeu R$ 619.913,20 e neste ano, R$ 246.718,18 pelos serviços prestados. Veja a entrevista AQUI

4 SERVIDORES SUSPEITOS

Esse é Tiago Basso, servidor ativo. Foto: ArquivoEsse é Tiago Basso, servidor ativo.

As investigações do Gaeco sugerem uma estrutura de organização criminosa que funcionava com ao menos 4 servidores subornados. 

O preso hoje, Tiago Basso da Silva, ocupou um cargo comissionado até 2020 como chefe do setor de execuções e fiscalização, responsável por atestar notas fiscais recebia pagamentos de R$ 2 mil em sua conta pessoal da empresa PC Mallmann (Rocamora), uma das envolvidas no esquema.  

Outro servidor envolvido, Lucas Eduardo Cirino Centurion Nazareth, fazia parte da comissão de licitações. Ele teria recebido pagamento de R$ 4,6 mil de Ueverton da Silva Macedo, um dos investigados considerado o líder do esquema, durante o período de outubro de 2020 a outubro de 2021.

Um 3º servidor investigado é Cesar Bertoldo. A análise do sigilo bancário revelou que ele recebeu R$ 7.490,00 da PC Mallmann (Rocamora). O valor recebido foi transferido tanto para sua conta pessoal quanto para sua conta jurídica. Cesar Bertoldo também era responsável por atestar notas fiscais apresentadas por empresas que concorriam para se tornar fornecedoras municipais em licitações. Em uma dessas ocasiões, ele atestou o recebimento de sacos de lixo em desacordo com a compra realizada.

O 4º servidor alvo da Operação é Robson de Lima Araújo, investigado por ser o responsável pelo setor de compras de Sidrolândia e por conduzir pesquisas de preços para os processos. O Gaeco afirma que ele realizou levantamentos de preços junto às empresas investigadas, mesmo sabendo que elas não possuíam a capacidade técnica nem o conhecimento necessário para serem consideradas aptas a apresentar orçamentos à administração pública.