07 de setembro de 2024
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'BOLA FORA'

Prefeito torra meio milhão em bolas, medalhas e outros itens esportivos

Gestão de Marcelo Pé, em Antônio João, faz lançamentos 'longos' para estreantes

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O prefeito tucano Marcelo Pé licitou diversos itens esportivos fornecidos por três jovens empresas distintas, reservando um montante de R$ 540.861,40 dos cofres públicos de Antônio João (MS) para o ‘esporte’ da cidade.

Chama atenção na licitação a quantidade de medalhas adquiridas pela gestão, em relação a população total do município, que é de 9.303 habitantes (censo de 2022). Foram adquiridas 5.400 medalhas. Abaixo, detalhamos os tipos de medalhas e seus custos:

  • Medalha de Ouro Pequena: 600 unidades, R$ 4.800,00;
  • Medalha de Bronze Pequena: 600 unidades, R$ 4.800,00;
  • Medalha de Ouro Média: 600 unidades, R$ 6.000,00;
  • Medalha de Ouro Grande: 600 unidades, R$ 7.200,00;
  • Medalha de Bronze Média: 600 unidades, R$ 6.000,00;
  • Medalha de Bronze Grande: 600 unidades, R$ 7.200,00.

O total gasto em medalhas somou R$ 54 mil, sendo pago de R$ 8 a 12 por medalha. No mercado, esse material pode ser encontrado por R$ 4. 

Na prática, em relação às medalhas, cada habitante, em média, receberia aproximadamente 0,580 medalhas. Isso significa que para cada grupo de 10 habitantes, aproximadamente 6 receberiam uma medalha. A proporção é bastante desproporcional, a não ser que toda a população de Antônio João esteja competindo. 

A empresa que fornecerá as medalhas é a Multka Comércio Ltda (CNPJ: 52.258.610/0001-93), de Dourados, de propriedade de Teddy Willian Alves Ferreira. Fundada em setembro de 2023, a Multka com pouco mais de 9 meses ‘em campo’ já recebeu R$ 129.387,10 da gestão de Marcelo Pé – isso é a metade do valor do contrato total de R$ 333.779,80. Eis a íntegra.

Conforme apurado pelo MS Notícias, a Multka fornecerá também 180 Bolas Oficiais para os seguintes esportes:

Futsal:

  • 80 unidades ao custo total de R$ 23.680,00 – isso significa que cada bola custou R$ 296,00, superior ao valor da marca mais cara constante no mercado, a Penalty Max 1000 – mas a empresa fornecerá bolas ‘Kagiva’, que custa cerca de R$ 150, ou seja, metade do valor pago pela prefeitura;
  • 50 unidades de bolas Kagiva ao custo total de R$ 12.900,00 – isso significa que cada bola saiu por R$ 258,00;
  • 50 unidades de bolas Kagiva ao custo total de R$ 12.500,00 – isso significa que cada bola saiu por R$ 250,00

Futevôlei:

  • 10 unidades ao custo total de R$ 2.900,00 – isso é, cada bola custou R$ 290,00, preço semelhante ao pago numa Bola Mikasa Ft5 de Futevôlei, uma das mais caras do mercado;

Campo:

  • 50  unidades de bolas de campo modelo ‘Kagiva’ ao custo total de R$ 6.650,00 – isso significa que cada bola saiu por R$ 133,00, enquanto que o valor de mercado desse modelo de bola é de R$ 70,00. 

Voleibol:

  • 50 unidades de bola para voleibol ao custo total de R$ 23.000,00 – isso significa que a prefeitura pagou R$ 460 em cada bola do modelo ‘Penalty’, que no mercado custa em média R$ 380. 

Troféus e Medalhas

  •  Troféus de variadas dimensões e categorias, somando R$ 64.750,00.

Outros Materiais Esportivos

  • Equipamentos variados como redes, coletes, cones, colchonetes, antenas para voleibol, entre outros, totalizando aproximadamente R$ 134.199,80.

A segunda empresa a faturar com a gestão tucana é a Comercial Vulty Ltda (CNPJ: 51.0401.510001-04), essa fundada em junho de 2023 em Antônio João, tem como proprietário Ian Luca Souza de Oliveira, que faturou R$ 28.000,00 para também fornecer Bolas Oficiais de Futsal, handebol, futevôlei e campo. Desse valor, a empresa já recebeu R$ 3.179. Além disso, a Vulty recebeu mais R$ 77.690 para fornecer ‘mantas e cobertores’ à prefeitura. Eis a íntegra

A terceira empresa, Lider Tech Comércio de Equipamentos para Escritório EIRELI (CNPJ: 34.021.620/0001-29), fundada em 2019 com sede em Dourados, tem Marcos Candido como sócio-administrador e irá fornecer uniformes esportivos para Futsal, Campo e Society. O valor licitado totaliza R$ 81.750,00. Eis a íntegra.

Juntas, essas três empresas são figuras carimbadas no diário oficial de Antônio João. Em diversos certames elas aparecem como campeãs em licitações para fornecer materiais diversos de escritório, peças, suporte para programas como Bolsa Família, entre outras.

HISTÓRICO

Sob a gestão de Marcelo Pé, Antônio João é alvo de acusações de contratos milionários firmados pela prefeitura com empresas investigadas, de pastores e cabos eleitorais, como reportado pelas matérias do MS Notícias.

Vamos lembrar que Marcelo Pé aditivou em R$ 1,2 milhão  um contrato com a GTX Construtora, alvo de investigações pelo TCE.

Além disso, a Hamate Materiais de Construção recebeu mais de R$ 3,2 milhões e a Farmácia Fortaleza R$ 844 mil da gestão de Marcelo Pé. Ironicamente, as empresas são administradas pela família do pastor bolsonarista Adieques Adão Lopes Gomes, do Ministério Teocrático Despertando as Nações, que é também presidente municipal do partido Republicanos em Antônio João.