07 de setembro de 2024
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FAKE NEWS & HOMOFOBIA

Políticos de MS contribuem com a vocação fedorenta do bolsonarismo

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O "show de horrores" protagonizado por vários representantes do modelo bolsonarista de fazer política continua se exibindo nos picadeiros políticos. A procissão de fiéis que sustenta nos ombros o andor de Jair Bolsonaro tem indivíduos que colocam Mato Grosso do Sul nesta cena de baixa qualidade, esmerando-se na criação de desvios comportamentais e éticos que apresentam como se fossem predicados virtuosos.

Certamente foi com esta inventiva falta de escrúpulos que dois dos agentes do bolsonarismo guaicuru deram nos últimos dias demonstrações da pífia inspiração de seus mandatos. Em Dourados, um vereador e pastor evangélico, Sérgio Nogueira (PP), em ácido pronunciamento na tribuna da Câmara Municipal agrediu o governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) com expressões próprias de quem pratica a intolerância sexual.

Segundo disse Nogueira, em lugar de atender às necessidades de populações afetadas pelas inundações no Rio Grande do Sul, o governador estaria mais preocupado com seu “primeiro damo”. Este é um neologismo cunhado por analogia à expressão “primeira dama”. É utilizado de maneira pejorativa para classificar, no masculino, o cônjuge de detentor de mandato no Executivo (presidente, governador e prefeito).

Na Câmara de Dourados, por ampla maioria os colegas de Nogueira votaram contra a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar. Ainda que o processo fosse aprovado, o boquirroto provavelmente se livraria da cassação. Dourados tem um gestor bolsonarista (Alan Guedes, do PP) e a maioria dos vereadores é da mesma corrente ou já barrou o andamento de processos semelhantes.

Vereador douradense agressor de mulher Diogo Castilho (Dem), mantido no cargo pelos colegas homens. Foto: Valdenir RodriguesVereador douradense agressor de mulher Diogo Castilho (PSDB), mantido no cargo pelos colegas homens. Foto: Valdenir Rodrigues

Em setembro de 2021, o vereador Diogo Silveira Castilho (PSDB) chegou a ficar preso preventivamente, após ser flagrado agredindo a noiva. Um ano depois, ele foi condenado à pena de um ano, um mês e cinco dias em regime aberto por violência doméstica e ameaça contra a ex-namorada, uma cirurgiã-dentista de 28 anos. Diogo, um condenado por violência à mulher, um dos atos característicos da misoginia, continua livre, leve e solto no Legislativo, fazendo e desfazendo leis, com aval dos colegas.  

LACRES CRIMINOSOS

Três parlamentares de Mato Grosso do Sul votaram para derrubar a emenda que poderia impedir as “fake news” nas campanhas eleitorais: os deputados federais Luiz Ovando (PP), Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira (PL). Todos são bolsonaristas. Ovando também faz parte dos veiculadores de notícias falsas (as fake news), um dos mais utilizados instrumentos a serviço de Jair Bolsonaro (PL) desde que se lançou candidato à presidência.

Em recente postagem nas redes sociais, Ovando mentiu de maneira absurda e inescrupulosa, na tentativa de depreciar o presidente Lula (PT). O bolsonarista deturpou o objetivo de uma mudança na Lei Maria da Penha, sancionada por Lula no último dia 23, estabelecendo o sigilo do nome das vítimas em processos judiciais nos crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Ovando escreveu que o presidente assinou a mudança com intenção  de beneficiar um de seus filhos. Demonstrou que, ao politizar o tema, não ter qualquer conhecimento das novas regras, pois o sigilo não se estende ao nome do autor do crime. São estas, a seguir, as conclusões de Luiz Ovando, que comprovam a prática criminosa:

“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que determina o sigilo do nome da vítima em processos que apuram crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher. Essa nova legislação, que altera a Lei Maria da Penha, representa mais um absurdo do desgoverno, que insiste em criar diversos sigilos e esconder dados do seu governo”,  

Não-satisfeito, o deputado, que também é médico, ainda carregou na sua difamadora tinta, acrescentou: “Em vez de promover transparência e fortalecer proteção às vítimas, o governo escolhe obscurecer informações essenciais, dificultando a luta contra a violência doméstica e impedindo que a sociedade acompanhe e fiscalize adequadamente esses processos.  Essa medida levanta sérias dúvidas sobre os reais interesses por trás dessas ações e reforça a falta de compromisso com a transparência e a justiça”.

MAIS FUROS

Ovando publicou uma foto de Lula abaixo de uma frase com a qual o então candidato petista questionava Bolsonaro em um debate na Band TV,  a respeito dos inúmeros decretos de sigilo, muitos pelo prazo de 100 anos, em documentos envolvendo o capitão. A frase dita por Lula foi: “Quem é honesto não precisa de sigilo”. Depois da foto, o deputado divulgador de mentiras pôs uma foto do filho do presidente, acusado de ter agredido a esposa.

A legião de bolsonaristas acudiu ao mentiroso do PP com elogios à postagem e reforço à lacração. Contudo, Fernanda Cardoso, uma leitora não-bolsonarista, mas anti-Lula, desmontou com firmeza e propriedade a fake news de Ovando e de seus satélites na rede. Ela assinou o verdadeiro nome e escreveu assim:

“Esse tipo de processo já corre em segredo de justiça e proteger os nomes das vítimas não representa qualquer tipo de desgoverno. Eu não sou apoiadora desse presidente e acredito que ele levará nosso país ao maior caos econômico e financeiro já enfrentado na história, além da ditadura que estão impondo via judiciário. Todavia, discordo da sua opinião. Ressalto: a proteção é para a vítima e não para o agressor, e a finalidade é proporcionar maior proteção à integridade física e psicológica da mulher agredida”.