A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta 5ª feira (8.fev.24) a Operação Tempus Veritatis em que dá detalhes do plano articulado e perpetrado por Jair Bolsonaro (PL) e o núcleo duro de seu governo para dar um golpe de Estado no Brasil.
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a PF a prender ao menos 4 suspeitos, dentre eles o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Além disso, a PF apreendeu o passaporte de Jair Bolsonaro, apontando como chefe do plano de golpe que seria pavimento em 8 de janeiro, quando golpistas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília (DF). Eis a íntegra.
- Veja aqui quem são os presos e demais alvos da Tempus Veritates.
- Tudo sobre o 8 de janeiro no MS Notícias.
Mas, o planejamento do golpe começou bem antes. Em reunião no dia 5 de julho de 2022, quando as pesquisas já apontavam uma provável derrota, Bolsonaro reuniu-se com alguns ministros extremistas para montar o que seriam 'os 6 núcleos do golpe de estado'. O encontro foi filmado e o vídeo apreendido na casa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens da Presidência, que detalhou o contexto das imagens em delação premiada. "E eu tenho falado com os meus 23 ministros. Nós não podemos esperar chegar [20]23, olhar para trás e falar: o que que nós não fizemos para o Brasil chegar à situação de hoje em dia? Nós temos que nos expor", disse Bolsonaro, sobre conversa que teve com o ministério.
Na reunião estavam Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (GSI), Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Defesa), Walter Souza Braga Netto (Casa Civil e candidato a vice), além do chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República, Mário Fernandes. A cobrança primária foi que o time aumentasse a propagação de fake news sobre as urnas eletrônicas, já prevendo uma reação ao resultado das urnas.
Na reunião, segundo Mauro Cid, Bolsonaro citou a chamada 'PEC da Bondade', aprovada pelo Congresso, para distribuir benefícios para serem usados em troca de votos nas eleições. Bolsonaro então dá a diretriz para que seus aliados lotassem as redes sociais com fake news que ligassem Lula ao envolvimento com o narcotráfico"; Bolsonaro cita o caso já diversas vezes desmentido, de "celso Daniel".
"E a gente vê que o Data Folha continua ... é ... mantendo a posição de 45% e, por vezes, falando que o Lula ganha no primeiro turno. Eu acho que ele ganha, sim. As pesquisas estão exatamente certas. De acordo com os números que estão dentro dos computadores do TSE. Né? E ... Eu tô ... Eu tenho que ter bastante calma, tranquilidade, e vou entrar em detalhes com vocês daqui a pouco", diz o trecho transcrito pela PF.
Em seguida, Bolsonaro sugere o plano golpista, que incluía o 8 de janeiro. Para isso, se dirige ao então ministro da Defesa, ex-comandante do Exército, Paulo Sérgio. "Nós vamos esperar chegar 23, 24, pra se foder? Depois perguntar: porquê que não tomei providência lá atrás? E não é providência de força não, caralho! Não é dar tiro. Ô PAULO SÉRGIO, vou botar a tropa na rua, tocar fogo aí, metralhar", disse Bolsonaro.
Segundo a PF, a reunião tinha como objetivo "coagir os Ministros e todos os presentes, para que aderissem à ilícita desinformação apresentada". Bolsonaro queria que sua equipe acreditasse com mais afinco nas fake news.
Bolsonaro já foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e é alvo de diferentes outras investigações no STF (Supremo Tribunal Federal). Ele está inelegível até 2030.
Segundo a investigação da Polícia Federal, para pavimentar o golpe ao resultado eleitoral, Bolsonaro dividiu seus aliados em 6 núcleos. A turba era dividia da seguinte forma:
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Núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral;
Responsável pela produção, divulgação e amplificação de notícias falsas quanto à lisura das eleições presidenciais de 2022; estimulava apoiadores a atacar às urnas mesmo sem provas; estimulava a população a apoiadora a permanecer na frente de quartéis cobrando a instalações das Forças Armadas, no intuito de criar o ambiente propício para o Golpe de Estado.
Esse núcleo tinha como integrantes, segundo a PF: Mauro César Barbosa Cid, Anderson Torres, Angelo Martins Denicoli, Fernando Cerimedo, Eder Lindsay Magalhães Balbino, Hélio Ferreira Lima, Guilherme Marques Almeida, Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Tércio Arnaud Tomaz.
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Núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado;
De acordo com a PF, o grupo escolhia alvos para amplificar ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam às investidas golpistas.
O relatório afirma que os ataques eram realizados a partir da difusão em múltiplos canais, e através de influenciadores em posição de autoridade perante a "audiência" militar.
Integrantes, segundo a PF: Walter Souza Braga Netto, Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, Ailton Gonçalves Moraes Barros, Bernardo Romão Corrêa Netto e Mauro Cesar Barbosa Cid.
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Núcleo jurídico;
As investigações afirmam que o grupo era responsável por fundamentar juridicamente e elaborar minutas de decretos que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado.
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Núcleo operacional de apoio às ações golpistas;
Segundo a PF, a partir da coordenação e interlocução com o então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro Mauro Cid, esse núcleo atuava em reuniões de planejamento e execução de medidas para manter as manifestações em frente aos quartéis, incluindo a mobilização, logística e financiamento de militares das Forças Especiais em Brasília.
Integrantes, segundo a PF: Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Bernardo Romão Corrêa Netto, Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Alex de Araújo Rodrigues e Cleverson Ney Magalhães.
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Núcleo de inteligência paralela;
A PF diz que esse núcleo coletava dados e informações que pudessem auxiliar a tomada de decisões do então presidente Jair Bolsonaro na consumação do Golpe de Estado.
Entre as medidas realizadas, segundo a investigação, estava o monitoramento do itinerário, deslocamento e localização do ministro do STF Alexandre de Moraes, e de possíveis outras autoridades da República, com objetivo de capturá-los e prendê-los quando da assinatura do decreto de golpe de Estado.
Integrantes, segundo a PF: Augusto Heleno, Marcelo Costa Câmara e Mauro César Barbosa Cid.
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Núcleo de oficiais de alta patente com influência e apoio a outros núcleos.
O relatório da PF afirma que o grupo usava da alta patente militar de seus integrantes para influenciar e incitar apoio aos demais núcleos de atuação, endossando medidas para consumação do golpe de Estado.
Integrantes, segundo a PF: Walter Souza Braga Netto, Almir Garnier Santos, Mario Fernandes, Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, Laércio Vergílio e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.