A pré-candidata Camila Jara (PT) é alvo de ação judicial impetrada pelo pepista Walter Benedito Carneiro Júnior, numa interpretação de que a deputada federal teria feito campanha eleitoral ilegal em 2022.
Carneiro Júnior começou carreira como empresário na iniciativa privada, como dono de um Lava Jato na Rua Antônio Maria Coelho, na esquina com a Rua Bahia, no centro da Capital.
Atualmente, Carneiro Júnior é secretário-adjunto de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) e foi candidato a deputado federal nas eleições de 2022 pelo PP, mas ficou como suplente. Caso ele conseguisse cassar Camila, entraria no lugar dela.
Segundo alegação do político ao Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS), Camila teria feito uso indevido dos meios de comunicação social e supostamente praticado abuso de poder econômico nas últimas eleições gerais.
A denúncia consta numa Ação de Investigação Judicial Eleitoral nº 0601998-43.2022.6.12.0000.
A motivação de Carneiro Júnior, porém, é vista como estratégia do PP e que beneficiará inclusive os tucanos.
Vamos lembrar que a também pepista Adriane Lopes (atual prefeita) é pré-candidata à reeleição e os tucanos têm como pré-candidato Beto Pereira (deputado estadual).
De acordo com fonte ouvida pelo MS Notícias, nos bastidores da política, há o entendimento de que a carreira meteórica de Camila Jara e seu capital político em Campo Grande são ameaça a tanto para Adriane, quanto para Beto.
“Eles sabem que é uma eleição de dois turnos e única estratégia possível (viável até o momento), é conquistar uma vaga na 2ª etapa e com a Camila no jogo, fica bem mais difícil, ainda mais para os tucanos”, comentou um frequentador das reuniões políticas na Capital.
Se condenada pelo TRE-MS, Camila ficaria inelegível por 8 anos e automaticamente estaria fora da disputa em outubro de 2024.
No seu despacho, o desembargador Julizar Barbosa Trindade, que é o relator da ação, determinou que Camila Jara, no prazo de cinco dias, apresente defesa, junte os documentos que entender pertinentes, assim como o rol das testemunhas que pretende que sejam ouvidas.
Na alegação, Carneiro Júnior indica que ao impulsionar campanhas nas redes sociais a deputada federal petista fez “boca de urna eletrônica”. Na peça, entretanto, o próprio Carneiro Júnior sugere a possibilidade de o processo estar sendo utilizado como ‘perseguição’ a pré-candidata. “Não é perseguição a ela, quero apenas que a lei eleitoral seja cumprida. Que a Justiça Eleitoral aplique a pena cabível pelo crime eleitoral cometido”, disse.
À reportagem, por meio de nota, Camila Jara explicou que já apresentou defesa à acusação e que o próprio Ministério Público Federal (MPF), em pareceres apontados nos autos, entendeu que a candidatura da parlamentar petista obedeceu à legislação.
Em resumo, na nota, Camila Jara disse que está confiante na justiça brasileira em relação a ação judicial sobre suposta propaganda eleitoral fora do prazo e gastos irregulares.
Também afirmou que seus advogados já apresentaram defesa comprovando a legalidade.
Camila Jara destacou a jurisprudência do TRE/MS permitindo impulsionamento nas redes sociais.
Por fim, a deputada reforçou que os adversários políticos deveriam respeitar os 54 mil votos e disputar as eleições na opinião pública. “A deputada foi a única mulher eleita para a bancada de Mato Grosso do Sul na Câmara Federal e uma das mais jovens do Brasil. Sua expressiva votação reforça a vontade do povo e a necessidade de haver no parlamento uma representante que defenda os direitos das minorias e lute pela redução de desigualdades e por uma sociedade mais justa”, completou.