05 de outubro de 2024
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Apesar de Tereza

Para adrianistas, candidatura de Adriane ficou livre das maluquices do PL

Única a não roer a corda, prefeita fica sem Bolsonaro no palanque mas não cria problemas ao ex-presidente

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    Diante da desenhada composição de uma chapa entre o PSDB e o PL para a disputa eleitoral de outubro, algumas peças no tabuleiro da sucessão campo-grandense começam a se mexer – ou a ser mexidas. Nos últimos dias, os bastidores foram decisivos para moldar um quadro de confrontos que ainda por ser lapidado, porém, mesmo disforme, já impõe avanços, recuos, celebrações, decepções, vergonha e alívio no âmbito dos partidos – inclua-se o PP – que se batiam pelo apoio de Jair Bolsonaro.
 

No centro desta faixa do tabuleiro, estão duas pré-candidaturas: a do tucano Beto Pereira e a da prefeita Adriane Lopes (PP). E entre elas, como força corrosiva e pendular, requebra-se o PL. Naturalmente, por ser partido do ex-presidente, tinha a preferência ou a autoridade para indicar o próprio candidato. Até tentou. Mas a incompetência foi tamanha que não conseguiu emplacar nenhuma de suas opções: o deputado federal Marcos Pollon, o ex-deputado estadual Rafael Tavares, os deputados estaduais João Catan e Coronel David.
 

Restava uma alternativa – a que seria ideal, principalmente para Bolsonaro: fechar um entendimento com Adriane Lopes, apoiando seu nome para a reeleição e garantindo espaços importantes no governo. Além da simpatia de Bolsonaro, a solução teve o impulso da senadora Tereza Cristina (PL). Assim, sem uma candidatura viável para fazer a disputa, o PL lucraria indicando o nome na vaga de vice e formando uma competitiva chapa proporcional para a Câmara Municipal.


Seria a saída inteligente. Contudo, inteligência não parece ser o forte do PL-MS. E Pollon fez questão de demonstrar esta realidade, indo às redes sociais e à imprensa para condenar o início das conversas de Bolsonaro e do presidente nacional do PL, Waldemar da Costa Neto, com o ex-governador Reinaldo Azambuja e o governador Eduardo Riedel. Um dos argumentos mais “poderosos” de Pollon contra esta aliança: o PSDB é um partido de esquerda. E ele ainda reforçou sua “explicação”, pontuando que o adjetivo “social” na sigla tucana identifica um credo socialista. Pior: Pollon é advogado e praticante de tiro. No pé.

O MELHOR - Distante do besteirol de Pollon & Cia, o deputado estadual Coronel David, sensato, fazendo jus à condição de bolsonarista original, entendeu que o melhor para o futuro do ex-presidente seria formar na chapa que tem tudo para ser uma das mais fortes. Beto Pereira vem com o lastro político da prestigiada dupla Azambuja-Riedel. Com o PL indicando a candidatura a vice – o nome da vez é o da coronel PM Neidy Centurião -, só restaria um contraponto a exigir equação da direita e do bolsonarismo: a situação da senadora Tereza Cristina.
 

“Madrinha” da candidatura de Adriane à reeleição, a senadora não se rebelou contra seu líder maior, Jair Bolsonaro. Decepcionou-se, é verdade, com a possibilidade de não tê-lo no palanque da prefeita. Preferiu entender que o ex-presidente tem razões superiores para fazer o que fez, depois de dar tantas voltas no troca-troca maluco de nomes pinçados pelo PL. Ela reafirmou que tem lado e não abre mão de apoiar sua candidata, e agora se diz com energia recarregada. Não quer nenhum armistício com o PL – ao menos por enquanto.
 

Por sua vez, Adriane Lopes se impõe agora com maior autoridade política e administrativa. Equidistante de paixões menores no vai-e-vem da política eleitoral e focada no compromisso de cumprir seu papel de gestora, segue lançando e entregando investimentos. É pré-candidata, mas não faz a pré-campanha tradicional, optando, como afirma, por cuidar da cidade. Na política, fez o que tinha de fazer: apoiou Jair Bolsonaro e nada cobrou em troca, nem mesmo quando defendeu Bolsonaro das traições praticadas pelos próprios bolsonaristas.