O prefeito de Campo Grande Gilmar Olarte (sem partido) foi o personagem principal de reportagem exibida ontem pelo programa da Rede Globo Fantástico, em que ele é apontado como mentor de um esquema montado para trocar cheques de eleitores, cidadãos comuns, com agiotas. Segundo reportagem, os valores não foram pagos, os donos dos cheques passaram a ser ameaçados e ficaram no prejuízo. O golpe do cheque em branco como ficou conhecida a ação de Olarte teria causado prejuízo de R$ 1 milhão.
Isso tudo, os campo-grandenses já sabiam. O que o Fantástico mostrou e que precisa ser aprofundado é o porquê o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul ainda não aceitou a denúncia oferecida pelo MPE (Ministério Público Estadual) contra Olarte pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Será por que dois dos desembargadores do TJMS têm seus filhos alocados na administração de Gilmar Olarte? Pois o procurador geral do município Fábio Castro Leandro e o secretário de governo Rodrigo Pimentel são filhos dos desembargadores Paschoal Carmello Leandro, vice-presidente do TJMS, e Sidnei Soncini Pimentel, respetivamente.
Talvez, o próprio Prefeito tenha respondido a esta questão quando em conversa com o irmão de Ronan, publicada na reportagem e gravada com autorização da justiça pelo Gaeco, ele diz que tem um exército a seu favor. "Eu tenho um exército ao meu favor. Tanto no Estado como aqui no município, como na guarda, como particular, como da Federal, como de tudo que é lugar".
Isso pode explicar o motivo pelo qual há três meses, o TJMS não julga a ação penal proposta pelo MPE contra Olarte. No dia 6 de fevereiro deste ano, o Tribunal decretou abertura de sigilo do processo, porém desde que a ação foi enviado ao TJMS cinco desembargadores já se declararam impedidos de relatar o processo, que hoje está a cargo do desembargador Luiz Claudio Bonassini. Este por sua vez, no dia 8 de maio respondeu ao MS Notícias que: "falta apenas findar prazo legal para que a defesa de um dos réus se manifeste para que a denúncia entre em pauta de votação da Seção Criminal" e ainda que "depois desse prazo encerrado, com ou sem apresentação de defesa", o desembargador irá proferir seu voto e caberá à Seção Criminal, ciente do voto do relator, decidir se acata ou não a denúncia
Dentro desse contexto, ao leitor atento vale a reflexão. Por que Olarte ainda não foi julgado? Por que Olarte ainda está na Prefeitura mesmo diante de diversas irregularidades praticadas por ele, como nomeação excessiva de comissionados, cortes de gratificações de médicos, professores, declaração falsa de despesas com pessoal para justificar cortes, e claro, a mais recente "peripécia" do Prefeito, permitir que sua esposa, Andréia Olarte comande a (Secretária Municipal de Educação) com total autonomia ao ponto de ameaçar funcionárias com demissão se elas insistissem em manter greve.
Semana passada, o MS Notícias, já havia publicado que o Prefeito cogita si renunciar, mas tenta um acordo com justiça para ser retirado da ação penal oferecida pelo MPE contra ele. Será que a justiça permitira tal acordo? Será que a justiça de Mato Grosso do Sul está apoiando Olarte, como ele mesmo dá a entender ao irmão, de seu ex-assessor de gabinete e parceiro de igreja Ronan Feitosa? Até que ponto, Olarte permanecerá blindado?