"Estou blindado em tudo que é lugar", dizia, em tom de desafio, o Prefeito Gilmar Olarte ao irmão de seu ex-assessor e companheiro de igreja Ronan Feitosa. De fato, como toda sociedade campo-grandense tem presenciado, Olarte tem sido "poupado" de investigações tanto pela Câmara quanto pelo Judiciário.
No Legislativo, por exemplo, até o momento, Olarte tem escapado de investigações profundas sobre sua gestão. A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Contas Públicas foi a primeira que conseguiu emplacar, mas pode acabar "em pizza" já que o relator é o vereador do DEM, Airton Saraiva, fiel escudeiro de Olarte, líder do Prefeito nas horas vagas.
Já no judiciário, Olarte é alvo de duas denúncias apresentadas pelo MPE (Ministério Público estadual). Uma fruto de inquérito da 29ª Promotoria de Justiça que comprovou existência de funcionários fantasmas na administração municipal causando dano ao erário de mais de R$ 170 mil.
A outra, velha conhecida dos campo-grandenses, é a denúncia fruto das investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) que constatou, por parte do Prefeito, prática de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, mas essa, está "travada" no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) e pode, quem sabe agora, decolar.
Agora porque o filho do desembargador Sidnei Soncine Pimentel resolveu, sem explicações convincentes, deixar o cargo de secretário municipal de governo e relações institucionais. Rodrigo Pimentel, a quem Olarte chama de braço direito e nas escutas telefônicas gravadas pelo Gaeco articula com irmão de Ronan, liberação dele, que estava preso em São Paulo, anunciou ontem que em julho deixa a Prefeitura. A justifica de Rodrigo é que ele precisa resolver problemas pessoais.
Porém, é notório que a saída de Rodrigo enfraquece o muro de blindagem de Olarte no judiciário, pois, ninguém confirma, mas especula-se muito que a demora para que a denúncia do Gaeco contra Olarte entre em julgamento possa ter a ver com presença de Pimentel na administração, afinal, como diz o ditado:"Uma mão lava a outra".
A grande questão é por que Pimentel resolveu abandonar o barco. Será que as denúncias em mídia nacional do envolvimento dele com esquema de lavagem de dinheiro do Prefeito e de Ronan acabaram por expor ao constrangimento máximo a corte judiciária de Mato Grosso do Sul? Será que Rodrigo foi orientado pelo pai para deixar a administração? Fato é que sem Pimentel, Olarte está "menos blindado" ou "blindado pela metade" já que ainda tem como Procurador Geral do Município Fábio Castro Leandro, filho do vice-presidente do Tribunal de Justiça desembargador Paschoal Carmello Leandro.