26 de dezembro de 2024
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DEFESA PRÉVIA

Ninguém sabe? Ninguém viu? Homem sem 'nome e sem rosto' é ignorado após denunciar presidente

Veja desqualifica depoimento do porteiro sem ao menos dizer quem é o cidadão

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EDITORIAL -  Os personagens que ligam a família Bolsonaro a qualquer caso que deturbe suas imagens, simplesmente desaparecem, não sou ouvidos, ou vistos. O caso do ‘Porteiro’ não foi diferente.

Veículos de comunicação atuam de formas duvidosas em todo Brasil, dessa vez, quem entrou na ‘partida’ foi a revista Veja. 

Após denúncia feita pelo ‘inimigo declarado’, no entanto, com teor e característica imparcial, a revista em questão tratou de mexer os pauzinhos. “A procuradora do Ministério Público Simone Sibilio, chefe do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), confirmou que o porteiro que envolveu o nome do presidente Jair Bolsonaro na morte da vereadora Marielle Franco mentiu em depoimento à Polícia Civil. De acordo com Simone, quem autorizou a entrada de Élcio de Queiroz no condomínio do presidente é Ronnie Lessa, suspeito de ter feito os disparos”, disse a revista em matéria publicada no dia 30 de outubro. 

Só que o bom jornalismo escuta todas as partes, não foi o caso. Pois a Veja não tentou falar com o próprio porteiro, e nem sequer há-se disponível o nome do suposto “mentiroso”. Que pode até estar sofrendo pressão para falar o que não quer, ou mesmo evitando problemas, desmentindo seu depoimento. 

Os sites de todo o Brasil, repercutem os paladares da revista, a diferença é que a Veja joga com a situação e cria sua própria política. 

Élcio e Ronnie foram presos em março desse ano, quase um ano após a execução da vereadora Marielle Franco, do PSOL, e seu motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018. Eles, são apontados pelos investigadores como autores, porém, ainda não sabe-se o que levou os suspeitos a executarem usando grosso calibre em uma emboscada no Rio de Janeiro. O caso causou comoção nacional e repercutiu por todo o mundo, mas no Brasil, aproximadamente quase dois anos depois, não sabe-se quem mandou matar Marielle, existem várias linhas de investigação, uma delas ocultou a citação do nome do presidente, a citação feita pelo porteiro. 

“Pode ter sido um equívoco, pode ter sido por vários motivos que o porteiro mencionou a casa 58 (de Jair Bolsonaro). E eles serão apurados”, declarou a promotora.

Talvez a revista pudesse dizer que porteiro está inacessível, que não pode falar pois a justiça não permite, entre outras respostas a serem dadas. Mas a reportagem foca apenas em seu ideal, defender o presidente Jair Bolsonaro. 

Se quisesse mesmo saber a verdade, mandava um dos repórteres até o condomínio, falar com morador, ou mesmo um vizinho, qualquer um lá deveria saber quem é esse porteiro, um apelido, o talvez o nome do envolvido, que é dado como mentiroso, mas que não tem rosto, não tem voz. 

“Foi nesse enredo tragicamente rocambolesco que o nome do presidente acabou envolvido. Destemperos à parte, Bolsonaro, que já sofreu uma tentativa de assassinato, agora tem razão em reclamar de que atentaram contra sua honra com base em um depoimento fajuto. Pode-se não gostar dele por sua visão simplória e paranoica de mundo, por seu gosto por ditaduras e por sua incapacidade de administrar a nação em paz, entre outros tantos motivos. A despeito dessas críticas, justas ou não, ninguém pode ser vítima de uma insinuação de tamanha gravidade sem provas — muito menos a maior autoridade do país", diz a reportagem da Veja.

Por sua vez, a reportagem não poupa Sérgio Moro, o principal possível adversário de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.  A veja diz que o ministro da Justiça, ex-chefe da Lava-Jato, atuou indevidamente, ao obedecer o pedido de Bolsonaro para abertura de inquérito para ouvir o ‘Porteiro’, por meio da Polícia Federal. Adjetivando Moro, talvez um dos responsáveis máximos pela eleição de Bolsonaro, como “afoito’, a revista destacou a ação de Moro de enviar ofício à Procuradoria-Geral da União no qual pedia que instâncias superiores ouvissem a testemunha que implicara Bolsonaro, extrapolou seu cargo: “mais uma vez. “Ele usa seu cargo para atuar como advogado de Bolsonaro”, afirmou o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior, em reportagem. 

As perguntas a serem feitas não aparecem na matéria. Isso é: por que o porteiro registrou na portaria que Élcio de Queiroz entrou no domínio para ir à casa 58, de Bolsonaro? [Intuição, desejo de ver o circo pegar fogo?]. 

Ou será que trata-se de um vidente, que já sabia que iria ocorrer o maior crime contra a democracia brasileira, onde duas vidas seriam ceifadas brutalmente, por interesses de “grandões”, que parecem ser intocáveis a Justiça brasileira?

Mesmo não tendo rosto, nem nome, o porteiro foi adjetivado como um ‘grande vilão’ pela reportagem da Veja. Fazer insinuações contra um presidente da república é tão grave quanto ignorar que o registro da portaria é uma pista importante a ser perseguida.