Depois das tempestades ocorridas com Operações Policiais (ou de Força Tarefa) em Mato Grosso do Sul e terremotos de afastamentos e cassações (sem sentido dentro de um estranho esquema de blindagem) em Campo Grande, que parecem ter poupado apenas os escolhidos do Olimpo Paço Municipal, a política que percorre outros caminhos que não os nossos, dos cidadãos e eleitores, sofre reviravoltas a cada dia, e mais, e mais.
Informações recentes indicam que o clã Trad irá assumir o comando do PTB até o final de agosto e, a partir dai iniciar um processo de reformulação e fortalecimento do partido em todo o Mato Grosso do Sul. O martelo será batido em Brasília, ou até no Rio de Janeiro, base eleitoral e escritório político dos presidentes de fato e de direito, Roberto Jefferson e Cristina Brasil. Ainda que informações divulgadas deem conta de que a “Comissão Provisória” será desfeita, a bem da verdade não existe comissão provisória e sim um Diretório Estadual com todas as prerrogativas que a lei exige e ampara.
A questão maior é que a Executiva Nacional não pretende continuar perdendo território político no estado. O PTB estadual não consegue avançar e acompanhar o crescimento do partido em nível nacional. O mais recente exemplo é a filiação de Ricardo Ayache, candidato pelo PT nas eleições de 2014 ao Senado, que recebeu 281.022 votos ficando em segundo lugar na corrida eleitoral. O erro de estratégia reside no fato de o candidato não ser o detentor desses votos, que na verdade lhe foram emprestados pelo cacife político do ex-governador e atual deputado federal Zeca do PT, do candidato ao Governo do estado que contou com o apoio efetivo da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), Delcídio do Amaral e da forte e aguerrida militância petista.
Ivan Louzada, o presidente regional do PTB não soube mensurar seu escopo, um quitandeiro em terras de supermercadistas.
Quando tudo indicava que o clã Trad se aboletaria no PSD, que cresceu sob a batuta do controverso político e bem posicionado empresário Antonio João, os ventos do agosto político sopraram, nesse sopro levaram para longe a janela de infidelidade do declarado candidato à Prefeitura da Capital, Marquinhos Trad (ainda PMDB), e mesmo que a lógica, como os programas políticos, sejam perfeitos quando escritos, passem longe da racionalidade, também levando em consideração que o PTB seja um partido “caro” para se ter, os ventos de agosto sopraram e os donos da legenda entenderam, enfim, ser melhor ter em mãos 10% de alguma coisa do que 100% de nada.
Parece que existem categorias entre as sereias, e seus cantos obedecem as escalas musicais que dividem divas de crooners. Ayache apostou nas crooners, os Trad, compraram a Diva.
A se confirmarem as informações nacionais, o PTB retomará sua face de Partido (assim grafado em maiúscula) no Mato Grosso do Sul. Fábio Trad, o melhor posicionado em termos eleitorais no estado, terá à sua disposição um partido organizado. Fraco mas organizado. O ex-prefeito Nelsinho Trad, sairá dos holofotes das denúncias de corrupção, pois não irá pleitear cargo público, mantendo-se como senhor da legenda numa mal declarada guerra ao seu desafeto ex-governador André Puccinelli, Marquinhos Trad, nas veleidades de nossa política, terá o palanque assentado sobre os promissores números que as pesquisas lhe garantem e o PTB retomará um pouco de seu luminoso passado que contou com um governador e político de respeito, como o ex-governador Pedro Pedrossian. Sairá do bloco de legendas de aluguel para a posição de Partido Político.
Neste emaranhado e turbulento momento político, qualquer pedaço de tábua é uma boia salva-vidas. Agarrados a esta “tábua que flutua” sobreviverá o clã Trad, com Nelsinho, Fábio e Marquinhos. Do naufrágio chegarão ilesos à praia alguns poucos históricos do partido e, definitivamente os ratos abandonarão o navio antes da turbulência. Quanto a Ricardo Ayache, é um bom nome, não se sabe para quê. Não compreendeu que a política obedece a outras regras, onde nomes são usados e, se vencidos, descartados.
É a vida, é a política e nós, cidadãos e eleitores, costumarmos inconscientemente sermos manipulados.