18 de dezembro de 2024
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BOLÍVIA

Militares invadem o prédio errado ao tentar golpe, e general acaba preso

Extremista de direita, militar tentou refute após ser exonerado

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O presidente da Bolívia, Luis Arce, denunciou na manhã de hoje, quarta-feira (26.jun.24), que militares liderados pelo general Juan José Zúñiga Macias, conhecido apenas como Juan José Zúñiga, invadiram um palácio presidencial em La Paz, em um movimento antidemocrático.  

Arce chamou a situação de “mobilizações irregulares”, enquanto o ex-presidente Evo Morales, convocou sua militância às ruas apontando que o país estava em vias de sofrer um golpe de Estado. “Convocamos uma mobilização nacional para defender a democracia diante do golpe de Estado que o general Zuñiga está gestando”, acusou Morales. “Não permitiremos que as Forças Armadas violentem a democracia e amedrontem o povo”, completou em publicação nas redes sociais.  

Mais cedo Morales havia alertado que um regimento baixado pelo Exército na 'surdina', colocou franco atiradores em uma praça de La Paz. O ex-presidente acusou o ex-comandante do Exército, o general Juan José Zuñiga, de estar por trás da mobilização.

De acordo com a mídia boliviana, a reação de Zuñiga ocorreu depois de ele ser exonerado pelo presidente, após dar declarações que "ultrapassavam qualquer espécie de institucionalidade".

Ocorre que Zúñiga é de extrema direita e ameaçou prender o ex-presidente Evo Morales caso ele se candidatasse à presidência no ano que vem. Arce, que já foi aliado de Evo, não gostou das afirmações do militar e o mandou embora, apesar de agora Arce e Evo estarem politicamente 'rachados', mesmo fazendo parte da mesma ala política.

Caminhando em direção ao seu objetivo de golpe, o general confirmou suas intenções quando chegou a Praça Murillo, próximo ao palácio presidencial em La Paz e para repórteres falou que exigiria "mudança de gabinete", sob alegações extremistas tais como: "O país não pode mais seguir assim". 

Então, Zuñiga ordenou que um blindado do exército invadisse o antigo Palácio presidencial de Quemado, no entanto, o presidente boliviano não estava lá, pois agora está instalado na 'Casa Grande do Povo'. A tentativa de Zúñiga acabava de dar completamente errada!

Com isso, o presidente mandou prender Zúñiga, nomeando como comandante do Exército José Wilson Sánchez. Logo que elevado ao cargo, por volta das 19h desta noite, Sánchez ordenou que as tropas que cercavam o Palácio de Quemado recuassem. “Peço, ordeno que todo o pessoal que se encontra mobilizado deve voltar às suas unidades”, declarou Sánchez ao lado do presidente no Palácio de Quemado.

Militar extremista de direita, Zúñiga já se envolveu em suspeitas de desviar cerca de 2,7 milhões de pesos bolivianos (cerca de 1,76 milhões de reais), mas nunca foi investigado formalmente. Com a prisão de  Zúñiga hoje, o procurador-geral do Estado, Juan Lanchipa, determinou a criação de uma comissão de promotores para investigar a ação dos militares.

CARREIRA MILITAR 

Zuñiga serviu como comandante geral do Exército boliviano de novembro de 2022 até sua demissão em junho de 2024. Antes dessa função, Zuniga ocupou vários cargos, incluindo coronel do regimento REIM-23 Max Toledo entre 2012 e 2013, e posteriormente como Chefe do Estado-Maior e Brigadeiro-General.