Milicianos teriam entrado em contato com uma pessoa identificada como “Jair - cara da Casa de Vidro” e “Presidente”, após a morte do ex-capitão do Bope e comandante do chamado “Escritório do Crime”, Adriano da Nóbrega, assassinado em uma ação da polícia da Bahia, em 9 de fevereiro de 2020. A "Casa de Vidro" seria referência ao Palácio do Planalto, diz reportagem publicada pelo site The Intercept Brasil neste sábado (24. abril).
Adriano foi o braço de extermínio ligado à milícia de Rio das Pedras e o miliciano é ligado ao presidente Jair Bolsonaro.
As informações foram extraídas das escutas no telefone do miliciano, transcritas em um relatório da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro, elaborado a partir das quebras de sigilo telefônico e telemático de suspeitos de ajudar Adriano da Nóbrega nos 383 dias em que ficou foragido pelo país até ser executado.
Após o Ministério Público do Rio concluir que o “cara da casa de vidro” seria Jair Bolsonaro, as escutas teriam sido interrompidas, segundo as fontes ouvidas pelo Intercept na condição de anonimato.
A interrupção das escutas reforça a ideia de que o "Jair" seria o presidente da República, já que o MP estadual não tem competência para investigá-lo e deve informar a Procuradoria-Geral da República, que possui a competência. Segundo a reportagem, a PGR não informou ao site se recebeu ou não o inquérito.
O Intercept revelou que a primeira ligação supostamente feita ao presidente aparece no dia 9 de fevereiro de 2020 à noite, logo após a morte de Adriano da Nóbrega. Ronaldo Cesar, o Grande, identificado pela investigação como um dos elos entre os negócios legais e ilegais do miliciano, disse a uma mulher que ligaria para o “cara da casa de vidro”. No telefonema, Grande “demonstra preocupação com pendências financeiras" e comenta ter alertado "Adriano que ‘iria acontecer algo ruim'". Ele mostra preocupação, dizendo querer saber "como vai ser o mês que vem" e que a “parte do cara tem que ir”.
Quatro dias depois, em 13 de fevereiro, Grande fala com um homem supostamente não identificado (HNI), o qual a transcrição classifica entre parêntesis como “PRESIDENTE” em letras maiúsculas. Apenas duas frases do diálogo de 5 minutos e 25 segundos foram transcritas.
No mesmo dia, o nome “Jair” aparece em conversas de outros comparsas de Adriano, como o pecuarista Leandro Abreu Guimarães, que abrigou o miliciano em sua fazenda no interior da Bahia durante a fuga. A mulher dele, Ana Gabriela, diz que “Leandro está querendo falar com Jair”.
A reportagem faz parte de uma série de matérias do The Intercept Brasil, baseadas nas escutas que o MP realizou enquanto investigava o miliciano Adriano da Nóbrega.
FONTE: THE INTERCEPT - VEJA A REPORTAGEM COMPLETA AQUI.