16 de setembro de 2024
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BOLSONARISMO

Mais golpistas de MS podem estar na mira da Polícia Federal

Imprensa brasileira mostra que investigações da PF se aproximam de bolsonaristas graduados, como o deputado federal Marcos Pollon, o campeão das urnas em MS

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O espraiamento das investigações da Polícia Federal(PF) e do Ministério Público (MP) sobre a tentativa de golpe de 08 de Janeiro e toda a conjuntura de fatos e pessoas envolvidas, pouco a pouco vem alcançando e revelando seus personagens. Esta semana o MS Notícias trouxe informação fornecida por fontes do Distrito Federal dando conta do trabalho que a PF faz para chegar no maior número possível de golpistas, alguns mapeados em Mato Grosso do Sul.

Desde as prisões efetuadas logo após os atos de vandalismo às sedes dos três poderes em Brasília, o estado sul mato-grossense passou a ser um dos mais constantes no olhar das investigações. Inicialmente, as intervenções policiais se dirigiam a pessoas sem grande visibilidade pública, mesmo sendo empresários, pecuaristas e profissionais liberais. Mas o avanço investigativo da PF, reforçado pelas revelações da CPI do 08 de janeiro, levanta ainda mais o véu que encobre praticantes, mandantes e insufladores do golpismo.

 
Hoje, as atenções se voltam para gente que até então parecia fora do foco das atuais investigações, principalmente políticos bolsonaristas ou de extrema-direita, parlamentares em sua maioria. São os deputados estaduais, deputados federais e vereadores que ajudaram a financiar ou incentivaram as mobilizações que buscavam anular as eleições do segundo turno, impedir a posse do presidente Lula, manter Jair Bolsonaro na presidência e provocar uma intervenção militar.
 
O CAMPEÃO

Neste nicho de responsabilidades está incluído o campeão das urnas sulmatogrossenses em 2022, o mais votado para deputado federal, Marcos Pollon (PL). O enquadramento de Pollon — líder do movimento pró-armas e um dos batedores da tropa bolsonarista — foi mencionado em reportagens de jornais e revistas de circulação nacional. Na "Veja" online de 6ª feira (25.ago.23), com o título "Tudo Pelo Ouro", o jornalista José Casado publicou matéria salientando que as investigações da PF revelam a ligação entre parlamentares e financiadores do esquema golpista. Um deles é Pollon, conforme o texto a seguir, assinado por Casado:

"Investigações sobre o movimento organizado para impedir a posse de Lula e manter Jair Bolsonaro no poder começaram a expor vínculos de parlamentares com empresários financiadores da insurgência. (...) Alguns parlamentares e empresários estão ligados, também, a um dos autores da tentativa de explosão de um caminhão-tanque na véspera do Natal no aeroporto de Brasília: George Washington Oliveira Souza, comerciante em Xinguara (PA), condenado a nove anos e quatro meses de prisão pelo atentado".

 
O texto de Casado prossegue: "Houve respaldo de parlamentares com interesses políticos e empresariais no garimpo de ouro e em atividades agropecuárias no Pará e em Mato Grosso do Sul. Órgãos de segurança estão mapeando, por exemplo, os laços do senador José da Cruz Marinho (Podemos-PA), conhecido como Zequinha, com ativistas radicais — como os protagonistas do atentado frustrado — e empresários financiadores da insurgência organizada".

E o jornalista prossegue, enfatizando que os investigadores "também analisam participações dos deputados federais do Partido Liberal Joaquim Passarinho e Lenildo Mendes dos Santos Sertão, vulgo Delegado Caveira, e Marcos Sborowski Pollon, eleito pelo PL de Mato Grosso do Sul".

Sobre Pollon, algumas referências são singulares para quem está nas investigações: 42 anos, nasceu em Dourados, advogado especializado em agronegócio, professor universitário e influenciador digital. É ativista de extrema direita, fundador e líder da Associação Nacional Movimento Pró- Armas (Ampa), a maior associação armamentista do Brasil, engajada nas ações e nas teses conduzidas por Jair Bolsonaro. Amigo muito próximo da família do ex-presidente, teve como "padrinho" presencial do lançamento de sua candidatura o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL).

NUM SACO SÓ

Direta e indiretamente diversas pessoas atuaram com a intenção de forjar uma ruptura institucional e política. Para definir as responsabilidades, a PF não as diferencia, a não ser no grau de envolvimento de cada uma. O trabalho técnico da investigação está checando e medindo o papel de cada envolvido nas ações criminosas que ocorreram antes e durante o quebra-quebra no DF, como a vandalização de prédios, carros e até um frustrado arranjo para explodir um caminhão-tanque em frente ao Aeroporto de Brasília.  

É voz corrente nas altas rodas da política nacional que o MP e a PF já definiram que todos os participantes do malogrado golpe, diretos ou indiretos, têm responsabilidades concretas. Os discursos, entrevistas e manifestações de políticos bolsonaristas incitando a quartelada formam uma montanha de evidências.

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