12 de janeiro de 2025
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APESAR DOS PESARES

Lula mantém a dianteira sobre virtuais concorrentes à presidência

Mesmo com a desaprovação de governo superando a aprovação, presidente petista domina o cenário de intenções de voto para 2026

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Mesmo sob fogo intenso do mercado e alvo das mais escabrosas fake news, sendo responsabilizado até pela alta do dólar, o presidente Lula ainda é o preferido dos eleitores brasileiros para as eleições de 2026. Se entrar na disputa tentando a reeleição, o mandatário petista derrotaria seus eventuais adversários no primeiro e segundo turnos, de acordo com levantamento do Instituto AtlasIntel, em parceria com a Bloomberg.

Nenhum dos nomes cotados pela direita e pelo bolsonarismo seria capaz de vencer o atual mandatário brasileiro. Inelegível, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) duvida das amostragens trazendo Lula na liderança. No entanto, alguns de seus aliados mais próximos já trabalham com a hipótese de acelerar a escolha de uma candidatura para ser lapidada desde já para se contrapor ao líder maior do PT.

Este movimento bolsonarista tem tudo a ver com as pesquisas que vêm sendo feitas desde o final do ano passado, com resultados semelhantes. Agora, o incômodo aumenta. Os levantamentos do AtlasIntel estão entre os considerados mais próximos das realidades momentâneas do eleitorado. As opções de candidaturas anti-Lula parecem eleitoralmente confinadas, não saem da bolha que carregou e ainda carrega Bolsonaro.

Por sua vez, os petistas jogam totalmente com a perspectiva de Lula candidatar-se à reeleição. É, por enquanto, uma possibilidade. Todavia, o presidente está concentrado nos desafios de seu governo e procurando dar melhor atenção à própria saúde, consciente das dificuldades inerentes às demandas do cargo e ao avanço da idade – vai fazer 80 anos em outubro.

OS CENÁRIOS

O Instituto AtlasIntel ouviu 2.873 eleitores em consultas online. Entre 26 e 31 de dezembro. Com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, o levantamento é realizado mensalmente e fornece um panorama constante das intenções de voto para a disputa presidencial de 2026.

No primeiro cenário, Lula tem vantagem de 9,3% sobre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), principal nome da direita: 42,5% x 33,2%. A vantagem do petista é igualmente considerável diante de outros nomes da direita, entre os quais Pablo Marçal (PRTB), com 6,9%, e o cantor Gusttavo Lima (sem partido). Vale frisar que depois do presidente e do governador paulista, a opção que mais obteve respostas foi a de votos em branco e nulos, com 8,8%.

 Já no segundo cenário, com a presença de Eduardo Bolsonaro (PL) como principal nome da direita, a vantagem de Lula é maior que a obtida sobre Tarcísio. São quase 20% de diferença. Lula se mantém com 42,5%, enquanto Eduardo Bolsonaro soma 23,5%. A pesquisa traz outros nomes, como Pablo Marçal (7,9%) e Ronaldo Caiado (6,2%).

Num segundo turno, em todos os cenários pesquisados a liderança é de Lula, inclusive sobre o inelegível Jair Bolsonaro (49% a 43%). Contra os demais as diferenças são as seguintes: Lula 52% x 35% Pablo Marçal; Lula 52% x 39% Eduardo Bolsonaro; Lula 49% x 39% Tarcísio de Freitas; e Lula 48% x 35% Ronaldo Caiado. 

PATAMAR NEGATIVO

O que chama a atenção na pesquisa é uma situação em princípio contraditória. Eleitoralmente, Lula tem posição sólida, lastreada pela preferência majoritária do eleitor brasileiro em todas as hipóteses da disputa presidencial. Contudo, no outro lado da moeda, o terreno por onde caminha o presidente fica mais espinhoso, com o índice de desaprovação (49,8%) agora superando a taxa de aprovação (47,8%).  

Em novembro de 2024, a reprovação a Lula estava em torno de 45%. O aumento agora se deve, provavelmente, a fatores como a sua histórica rejeição pela classe média, o peso ainda marcante das forças bolsonaristas e os desgastes causados pela fuzilaria que sofreu em meio às sucessivas altas do dólar. Neste caso, todavia, cabe observar que a chiadeira é muito mais uma reação do mercado e dos setores interessados em responsabilizar Lula e a esquerda de qualquer forma. 

No frigir dos ovos, a direita babenta tem certeza que as dificuldades para 2026 superam as prováveis facilidades. Até mesmo se Jair Bolsonaro recuperasse os direitos políticos as perspectivas permaneceriam incertas. E para derrotar Lula falta uma pré-candidatura que faça a liga necessária para crescer, algo que não se conseguiu fazer na eleição de 2022. 

Se for mantida a inelegibilidade do ex-presidente, para a direita e os bolsonaristas Tarcísio de Freitas é um bom nome. Porém, ser bom não é suficiente. Ainda falta algo, um apelo de maior poder de envolvimento e capilaridade. Em condição semelhante estão as outras opções: Marçal, Gusttavo Lima, Ronaldo Caiado e Romeu Zema. Definitivamente, bem ou mal na avaliação de governo e com toda a rejeição que acumulou, Lula é o dono majoritário do voto dos brasileiros e brasileiras, para desespero de seus oponentes.