O presidente Lula (PT) decretou na tarde deste domingo (8.jan.23) a intervenção federal no Distrito Federal (DF), para restabelecer a ordem e combater os atos terroristas de bolsonaristas que invadiram a Esplanada dos Ministérios na Capital federal neste dia.
Foi nomeado para o cargo de interventor o secretário-executivo do Ministério da Justiça Ricardo Garcia Cappelli (número 2), do Ministro da Justiça Flávio Dino. A intervenção federal no DF fica determinada até o dia 31 janeiro de 2023.
"Eles vão perceber que a democracia garante direito de liberdade, livre expressão, mas ela também exige que as pessoas respeitem as instituições que foram criadas para fortalecer a democracia", considerou o presidente.
"Lamentavelmente, quem tem que fazer a segurança do Distrito Federal, é a Polícia Militar do Distrito Federal, que não fez!", disse Lula ao anunciar o decreto. "Esses policiais que participaram disso, não poderão ficar impunes e não poderão participar da corporação, porque não são de confiança da sociedade brasileira", continuou o presidente.
"Eu espero que a partir desse decreto a gente possa, não só cuidar da segurança do Distrito Federal, mas garantir de uma vez por todas que isso não se repetirá mais no Brasil. É preciso que essa gente seja punida de forma exemplar, que essas pessoas sejam punidas de forma que ninguém nunca mais ouse, com bandeira nacional nas costas, ou com a camiseta da seleção brasileira, se fingirem de nacionalistas e se fingiram de brasileiros, façam o que eles fizeram hoje", disse Lula.
"Isso nunca tinha acontecido, nem no auge da chamada luta armada neste país nos anos 70, houve qualquer tentativa, de qualquer tipo, de fazer qualquer quebra quebra na Praça dos Três Poderes, no Palácio do Presidente, no Palácio da Justiça e na Câmara dos Deputados [Congresso Nacional]", comparou Lula.
O presidente deu a declaração em Araraquara, no interior de São Paulo. Ele visitava a cidade, governada pelo correligionário Edinho Silva (PT), para ver os estragos feitos pela chuva.
"Eu vou voltar pra Brasília agora, vou visitar os três palácios que foram quebrados e pode ficar certo que isso não se repetirá e nós vamos tentar descobrir quem financiou isso, quem pagou os ônibus, quem pagava estadia, quem pagava churrasco todo dia e essa gente toda vai pagar. E também da parte do governo federal, se uma comissão de alguém do governo federal facilitou isso, também será punido. Nós não vamos admitir", afirmou o presidente.
"Vocês sabem que eu perdi a eleição em 89, eu perdi a eleição em 94, eu perdi a eleição em 98 e em nenhum momento vocês viram qualquer militante do meu partido ou qualquer militante de esquerda fazer qualquer objeção ao presidente da república eleito. Esse genocida, não só provocou isso, não só estimulou isso, como, quem sabe, tá estimulando ainda pelas redes sociais, sabe, que a gente tá sabendo, lá de Miami onde ele foi descansar. Na verdade, ele fugiu pra não me colocar a faixa e é muito triste depois da festa democrática do dia primeiro, a festa mais importante da posse de um presidente da república na história do presidencialismo no mundo inteiro. Nunca o povo trabalhador, os catadores de papel, os índios e as pessoas negras desse país colocaram a faixa de um presidente da república, pois no dia 1º eles colocaram", pontuou Lula.
"Essa gente já tava em Brasília e essa gente teve medo e descer à Brasília, com medo da multidão que estava lá para posse. E aproveitaram o silêncio do domingo, quando a gente ainda está montando o governo, para fazer o que eles fizerem hoje", considerou.
"Todo mundo sabe que tem vários discursos do ex-presidente da república estimulando isso. Ele estimulou a invasão na suprema corte, só não estimulou a invasão no palácio porque ele tava lá dentro. Ele estimulou a invasão nos três poderes sempre que ele pôde e isso também é da responsabilidade dele. Isso é da responsabilidade dos partidos que sustentam ele é tudo isso vai ser apurado com muita força e com muita rapidez", destacou Lula,
QUEM ESTIMULOU?
O grupo radical foi estimulado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), num grupo do Telegram chamado “Bolsonaro TV”. Uma radical diz que a intenção do grupo é deflagrar uma guerra civil no Brasil e que Bolsonaro teria orientado os radicais a fazer estoques de alimentos e pilhas. Para isso, o ex-presidente teria feito um vídeo numa loja nos EUA, onde se alojou após a posse de Lula. Empresários bolsonaristas foram os finaciadores dos atos, e levaram pessoas de diversas regiões do país, com tudo pago, para cometer os atos terroristas no DF.