Documento alusivo a ameça com 999 páginas circula na internet e relaciona pessoas com ideologia de esquerda como se fizessem uma lista de alvos, ou de investigados, que segundo documento, são antifascistas. O PDF com quase mil páginas traz nomes, endereços e até telefones de brasileiros, além de fotos de rede social. Há ao menos 8 campo-grandenses entre os listados. O documento, é usado pelo deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP) que se apoia na estrutura da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para produzir um dossiê contra opositores do governo do presidente Jair Bolsonaro.
A reportagem enviou o documento ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul pedindo mais informações sobre qual seria o objetivo de uma listagem da natureza? Se há alguma investigação em curso sobre o documento? Ou mesmo, se o documento seria parte de um objeto investigativo.
Garcia é alvo de investigação do Ministério Público de São Paulo por uso de instalações e equipamentos públicos, no gabinete do parlamentar, para a propagação de fake news.
A apuração teve início após uma representação feita ao MP pelo deputado federal Junior Bozzella (PSL-SP), que alega ter sido vítima de ofensas em postagens na internet que teriam sido feitas a partir de computadores localizados no gabinete de Douglas Garcia na Alesp. Garcia também é investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em outra apuração sobre a propagação de fake news e teve computadores do gabinete apreendidos pela Polícia Federal na semana passada.
A reportagem falou com duas pessoas moradoras de Campo Grande que estão no documento. Ambas disseram que tinham sido avisadas por amigos, mas que não sabiam como recorrer as autoridades. As outras indicadas no documento não responderam as tentativas de contato.
Segundo a advogada criminalista e mestre em Direito Processual Penal, Márcia Aleixo, a pessoa que se sentir ameaçada deve procurar uma delegacia, e registrar um Boletim de Ocorrência para preservar seus direitos. "Depoias deve pegar o celular, ou documento e levar a uma Cartório e pedir 'Ata notarial' [instrumento público formalizado] sore o conteúdo do documento, para que que tenha garantia jurídica. Na sequência a pessoa deve procurar advogado. Para então identificar a mídia ou rede social por onde circula o documento e pedir liminar com endereço eletrônico dos IPs, de onde o conteúdo foi publicado", explicou a especialista que atua em Campo Grande.
DA REDAÇÃO - 'RETIRAMOS A LISTA A PEDIDO E EM RESPEITO ÀS VÍTIMAS EXPOSTAS NO DOCUMENTO'.
Edição - *Matéria atualizada em 5 de junho de 2020.