Hoje (25.jun.2021), os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia tratam um escândalo que Jair Bolsonaro tem feito de tudo para abafar, que são as irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin. Segundo informações da Agência Senado, estão marcados depoimentos do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e do seu irmão Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, a partir das 14h.
Em publicação, foi evidenciado que os dois apontaram irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin. Houve ameaça aos irmãos por parte do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, que atacou o deputado e anunciou processo disciplinar contra o servidor.
"Deputado Luis Miranda, Deus está vendo. Mas o senhor não vai só se entender com Deus, vai se entender com a gente também — disse Onyx, segundo a Agência Senado.
Ainda na 5ª feira (23.jun.2021), o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que a comissão "entrou numa nova fase" a partir dessa denúncia. A presença dos dois será importante para dar cronologia aos fatos, já que pouco se sabe a respeito.
Primeiro foi convocado o servidor, já que ele prestou depoimento ao Ministério Público Federal, e em seguida o deputado se dispôs a vir como convidado.
De acordo com o vice-presidente, será necessário rever o calendário da CPI para acomodar eventuais novos depoimentos sobre esse caso. Está previsto o funcionamento da Comissão até o dia 07 de agosto, sendo que ela pode ser prorrogada por requerimento, desde que tenha o apoio de no mínimo 27 senadores.
O senador Randolfe defende que este é um escândalo que não pode ficar sem resposta, enquanto, Marcos Rogério (DEM-RO), senador que é vice-líder do governo no Congresso, declarou que defende a apuração de todos os fatos, mas avaliou que a oposição “espalha narrativas” antes de olhar para as evidências. Ele disse acreditar que a denúncia não permite levantar suspeitas, e pediu que a CPI não faça “prejulgamentos”.
De acordo com o jornalista Bernardo Mello Franco, colunista do Globo, esse é um escândalo bilionário que Bolsonaro ganhou para chamar de seu
"O rolo da Covaxin já exibia potencial para comprometer o Ministério da Saúde. Sob gestão militar, a pasta contratou a vacina indiana em tempo recorde. Aceitou pagar R$ 80 por dose, valor mais alto entre todos os imunizantes comprados pelo país", apontou.
Em live nas suas redes sociais, o chefe do executivo assumiu que se encontrou com o deputado Luis Miranda (DEM) em março, sendo que o parlamentar denunciou irregularidades nas negociações para a compra do imunizante e afirmou ter alertado o chefe do Planalto sobre as operações fraudulentas.
"Está essa onda toda aí... 'Agora pegamos o governo Bolsonaro', 'corrupto', 'negociando vacina com 1.000% de sobrepreço'... Não vou entrar em muitos detalhes, não. Coisa tão ridícula. Isso [conversa com Miranda] aconteceu em março. Quatro meses depois, ele resolve falar para desgastar o governo? O que ele quer com isso?", destacou o presidente.
** (Com informações O Globo, Agência Senado e Brasil 247)