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EXTREMISTA DE DIREITA

Hacker Delgatti delata Jair Bolsonaro: 'Ofereceu assinar indulto presidencial'

Bolsonaro o teria dado 'carta branca' para hacker criar fake de 'manipulação eleitoral'

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O hacker Walter Delgatti Netto, conhecido pela “Vaza Jato”, delatou nesta 5ª feira (17.ago.2023) o então presidente Jair Bolsonaro (PL), revelando que o ex-presidente ofereceu assinar indulto presidencial em troca de supostas provas contra as urnas eletrônicas.

Em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, Delgatti afirmou que o então mandatário também pediu que ele assumisse a autoria de um grampo contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“A ideia ali era que eu recebesse um indulto do presidente. Ele havia concedido a um deputado federal e, como eu estava com o processo da [Operação] Spoofing na época e as cautelares que me proibiam de acessar a internet e trabalhar, eu visava a esse indulto e foi oferecido no dia”, disse.

O hacker fez referência à graça constitucional concedida em abril de 2022 por Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira (PTBRJ), que havia siso condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na negociação relatada por Delgatti, ele receberia o mesmo tipo de indulto, com perdão de suas eventuais condenações. Em maio deste ano, a Corte anulou a graça assinada pelo ex-presidente a Silveira.

Segundo Delgatti, o seu 1º encontro com o então presidente durou cerca de 1h30, no Palácio da Alvorada. Na reunião, Bolsonaro também pediu que o hacker conversasse com técnicos do Ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas. Ele disse ter ido 5 vezes ao ministério por “ordem” do ex-chefe do Executivo, que teria escalado militares para mediar as visitas ao órgão.

Delgatti foi levado a Bolsonaro pela deputada Carla Zambelli (PL-SP). Ele também teve uma reunião com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido do ex-presidente, e com o marqueteiro Duda Lima. O pedido feito ao hacker, segundo ele, envolvia a manipulação do resultado de uma urna eletrônica por meio de “código-fonte fake” para comprovar uma suposta fragilidade do sistema eleitoral brasileiro.

De acordo com Delgatti, o então presidente também pediu, por telefone, que ele assumisse a autoria de um grampo contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Ele [Bolsonaro] disse no telefonema que esse grampo foi realizado por agentes de outro país. Ele me disse, não sei se é verdade, se realmente aconteceu o grampo, porque não tive acesso a ele. Disse que em troca eu teria o prometido indulto e ainda disse assim: ‘Se caso alguém te prender, eu mando prender o juiz’. Ele usou essa frase” , disse.

Delgatti afirmou que, ao fazer seu pedido, Bolsonaro teria dito que a ação estaria “salvando o Brasil” e seria feita “pela liberdade do povo” para evitar uma “ruptura” no país.

O hacker declarou que Bolsonaro o teria dado “carta branca” para agir, mesmo que de forma ilícita.

Fonte: Poder360