27 de dezembro de 2024
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ELEIÇÕES 2022 | BOLSONARO

Em sabatina, Jair Bolsonaro inventa novas e repete mentiras

Candidato foi rechaçado nas redes sociais e por meio de 'panelaços' em 9 capitais

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Ao longo de 40 minutos de entrevista a William Bonner e Renata Vasconcellos no Jornal Nacional, o presidente Jair Bolsonaro (PL) repetiu mentiras tradicionais e acrescentou novas, além de condicionar o apoio ao resultado das eleições de outubro.

Bolsonaro negou ter xingado ministros do STF, dizendo que “atacou apenas um”, apesar de ter ofendido publicamente Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes — com quem, agora, diz que a relação “parece pacificada”. Disse que as urnas eletrônicas não são auditáveis, quando elas são, e entidades como a Polícia Federal participam das auditorias. Voltou a falar de um ataque hacker ao sistema do TSE em 2018, embora a ação não tivesse tocado nos sistemas de contagem de votos ou segurança das urnas. Negou que tivesse mandando suspender a compra da CoronaVac em 2020, embora a ordem esteja registrada em vídeo.

Sobre a defesa que alguns de seus apoiadores fazem de um golpe de Estado, disse que são exercício de liberdade de expressão e defendeu a aliança com o Centrão para a aprovação de projetos. “Se eu deixar de lado, vou governar com quem?”, respondeu. “Você está me estimulando a ser um ditador.” Hoje é o candidato do PDT, Ciro Gomes, que será submetido à sabatina do Jornal Nacional.

Segundo análise da Quaest com base em comentários nas redes, o presidente foi melhor percebido quando falou sobre ofensas contra Moraes, quando se comprometeu com o resultado da eleição e no momento em que tratou do Centrão. O compromisso com a eleição, bom reiterar, veio na condicional que ele sempre impõe — “se as eleições forem limpas e transparentes”. Seus piores momentos de avaliação foram os em que tratou das urnas eletrônicas e golpe, pandemia e corrupção. Ao todo, 35% das menções foram positivas e, 65%, negativas.

Enquanto Bolsonaro era entrevistado, foram registrados panelaços em Pernambuco, Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Ao sair dos estúdios da Globo, Bolsonaro voltou a convocar apoiadores para os atos marcados para Sete de Setembro. Embora negue que seja um evento militar, ele confirmou a participação das bandas do Exército, da FAB e dos fuzileiros e anunciou uma apresentação de paraquedistas. O político se apropriou da data democrática para fazer campanha contra a própria democracia e de subversão ao resultado das urnas, repetindo as manobras do seu ídolo, Donald Trump. 

Igor Gielow, da Folha de São Paulo: "Bolsonaro foi Bolsonaro, evitando ajoelhar no altar da democracia ao renovar os ataques às urnas eletrônicas que embasa sua campanha golpista, voltando a falar barbaridades sanitárias acerca do manejo da pandemia, praguejando contra um lockdown inexistente e defendendo os médicos da cloroquina. Para quem não vota nele, nenhuma novidade em termos de repulsa. Para quem vota, o reforço positivo de suas convicções. O problema para o presidente é que ele está em segundo lugar na corrida das eleições de outubro".