26 de dezembro de 2024
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LOBBY ARMAMENTISTA

Em 4 anos, governo liberou 56 mil armas para CACs no território da chacina

Apenas em 2022, Centro-Oeste teve abertura de 38 clubes de tiro

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O governo de Jair Bolsonaro (PL) liberou em 4 anos a permissão de mais de 56 mil armas para colecionadores, atiradores esportivos e caçadores (CAC) em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, esse último, local onde o bolsonarista Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, e Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos, promoveram um chacina contra 6 adultos e uma criança no “Bruno Snooker Bar”, em Sinop, na tarde da 3ª.feira (21.fev.23). A informação é do g1. 

Segundo o portal, dados do Exército mostra que houve uma disparada, com 33.079 novas armas cadastradas, o que representa uma média de 90,6 armas por dia e aumento de 1.010,4%, comparando com dados de 2019.

A região militar de MT e de MS, em 2022, conforme os dados disponibilizados por meio do Portal da Transparência, foi a 5ª região com mais registros.

  • São Paulo: 98.772
  • Paraná e Santa Catarina: 86.282
  • Distrito Federal, Goiás, Tocantins e Triângulo Mineiro: 59.925
  • Rio Grande do Sul: 43.081
  • Mato Grosso e Mato Grosso do Sul: 33.079

Em MT e MS, a progressão, do último ano do governo Temer ao último ano de Bolsonaro, foi de:

  • 2018: 1.826
  • 2019: 2.979
  • 2020: 4.775
  • 2021: 15.185
  • 2022: 33.079

No último ano de Bolsonaro, que estimulou a política de armas, flexibilizando o porte de armamentos, os dois estados da região Centro-Oeste abriram 38 clubes de tiro, que registraram 14 armas em seus acervos. Foram emitidos 22.011 certificados CAC.

A quantidade de brasileiros com autorização para ter arma de fogo aumentou sete vezes durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Ao longo do mandato do ex-presidente, a quantidade de CACs (grupo formado por caçadores, atiradores e colecionadores) subiu de 117.467, em 2018, para 813.188, em 2022, conforme dados obtidos pelo g1 via Lei de Acesso à Informação junto ao Exército.

Bolsonaro tinha entre suas principais pautas o armamento da população. O ex-presidente editou decretos que facilitaram o acesso a armas, inclusive as de grosso calibre e uso restrito, como fuzis, com critérios menos rígidos para posse e aquisição, bem como maior limite de munições disponíveis por ano para CACs.

Dados divulgados pelo g1 mostram que o governo Bolsonaro liberou 904 mil novas armas para caçadores, atiradores e colecionadores de 2019 até 2022.

Os registros concedidos aos CACs ao longo do governo Bolsonaro representam a liberação de 619 novas armas por dia no país nos últimos quatro anos.

Foram ao todo 904.858 registros para aquisição de novas armas, aumento constante desde 2019, quando ocorreram 78.335 liberações. Em 2020, foram 137.851, e em 2021, o número passou para 257.541 e, em 2022, o recorde de 431.131 - que representa 47% do total sob Bolsonaro.

O presidente permitia que colecionadores tivessem cinco armas; caçadores podiam ter 15; atiradores, 30.

Os decretos de Bolsonaro foram parcialmente suspensos pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em setembro de 2022. No dia 2 de janeiro, o presidente Lula (PT) revogou as normas sobre armas e definiu novas regras, dentre as quais a suspensão de novas concessões para CACs registrarem novas armas.

Também estipulou que novos CACs podem ter três armas – o limite vale para colecionadores, caçadores e atiradores.

A CHACINA 

Edgar Ricardo de Oliveira foi preso na manhã desta quinta-feira (23), depois de se entregar à polícia, e confessou o crime. O comparsa foi morto em confronto com a polícia na tarde de quarta-feira (22), em uma área de mata, a cerca de 15 km de Sinop, próxima ao aeroporto.

As câmeras de segurança do bar registraram o momento da execução (assista aqui). Nas imagens, é possível ver quando Ezequias, de camiseta azul, armado com uma pistola, rende as pessoas e as leva para perto de uma parede. Enquanto isso, Edgar, de camiseta listrada, pega uma espingarda, calibre 12 mm, na caminhonete estacionada em frente ao estabelecimento e retorna, atirando várias vezes.

A adolescente, depois de vários disparos, tenta correr para fora do estabelecimento. Ela e outro homem foram mortos, segundo a perícia, com tiros nas costas.

Antes de fugirem na caminhonete, um dos suspeitos pega uma quantia de dinheiro que está em uma das mesas de sinuca, além de outros objetos.

MOTIVAÇÃO

De acordo com o delegado Bráulio Junqueira, Edgar participava de um jogo de sinuca contra Getúlio, uma das vítimas, e perdeu cerca de R$ 4 mil pela manhã. No período da tarde, ele voltou na companhia de Ezequiel e desafiou Getúlio novamente. Eles jogaram mais algumas partidas e também perderam.

Segundo o delegado, Edgar ficou revoltado e, em seguida, deu um sinal para Ezequias, que rendeu todas as pessoas, enquanto o comparsa pegava uma espingarda no carro.

"O primeiro a disparar foi o Ezequias, que deu um tiro no Bruno, dono do bar, e depois um tiro pelas costas do Getúlio, que caiu, e recebeu mais dois tiros na cabeça. Enquanto isso, Edgar disparava de 12", explicou.

Bráulio afirmou que nove pessoas foram rendidas e apenas duas sobreviveram. Conforme relato de testemunhas à polícia, o clima no local era tranquilo e não houve discussão ou qualquer outra desavença no bar antes do crime.

LOBBY ARMAMENTISTA NO BRASIL

O lobby com a indústria armamentista no Brasil e no exterior é a maneira que família bolsonaro encontrou para conseguiu inflar os caixas para campanhas eleitorais de todo o clã que vive de discursos que visam ludibriar radicais de extrema direita.  

A  National Rifle Association (NRA) é uma empresa americana ligada a família Bolsonaro que visa ampliar seus tentáculos em território brasileiro. Em dezembro de 2021, Johnny Morris, um dos nomes mais importantes da NRA, chegou a visitar o gabinete do então presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto.

Àquela altura o governo de Jair Bolsonaro já havia desmantelado o Estatuto do Desarmamento para facilitar a exportação de armas de fogo para o Brasil e seu filho Eduardo Bolsonaro já tinha obtido sucesso em ajudar na articulação do Pro-Armas, a versão brasileira da NRA que no último ano elegeu 38 representantes para cargos públicos, incluindo deputados federais, senadores e governadores. Em outras palavras, os objetivos do lobby no país já estavam cumpridos ou encaminhados.

Armas compradas por CACs foram usadas em assalto na cidade de Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre. Em São Paulo, um CAC matou a ex-esposa e o filho de um ano com um fuzil. Na Paraíba, um CAC foi preso suspeito de alugar armas para assaltantes em setembro passado. Esses casos são apenas para ilustrar o problema, pois a lista parece ser interminável. O próprio Exército, responsável por emitir as licenças, admite que perdeu o controle.

Entre todos os políticos eleitos no primeiro turno das eleições deste ano, 38 foram apoiados pelo Proarmas, maior grupo que faz lobby pela indústria armamentista no Brasil. Entre os principais nomes estão Tarcísio Freitas (Republicanos-SP), Onyx Lorenzoni (PL-RS), Jorginho Melo (PL-SC), Marcos Rogério (PL-RO) e Carlos Manata (PL-ES), todos candidatos a governos de Estado no segundo turno. Além deles, entre senadores eleitos estão o ex-vice-presidente general Hamilton Mourão (Republicanos-RS), o astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Jorge Seif (PL-SC). Já entre os deputados federais eleitos, se destacam Marcos Pollon (PL), que é presidente do Proarmas, além de Bia Kicis, Mário Frias e do delegado Paulo Bilynskyj, que ficou famoso na imprensa em julho passado após ser acusado de assassinar a namorada a tiros em São Paulo. O levantamento completo foi feito pela Graf (Global Researchers Against Fascism) e publicado pela Revista Fórum.

A entidade acredita que possa haver algum tipo de apoio, político e financeiro, da National Rifle Association (NRA), o mais famoso grupo pró-armas do mundo, localizado nos Estados Unidos, ao crescimento e consolidação da chamada ‘bancada da bala’ brasileira, que além dos CACs que agora querem formar um partido próprio, também conta com a linha dura da segurança pública. A NRA ficou famosa mundialmente durante o mandato do republicano George W Bush (2001-09) quando o cineasta Michael Moore lançou o documentário Tiros em Columbine (Bowling for Columbine, 2002), onde relacionou o looby pró-armas de seu país com os já crescentes casos de massacres em escolas americanas, à época.

A pesquisa diz que há provas de que Carlos e Eduardo Bolsonaro se reuniram com executivos da NRA enquanto frequentavam a Shot Show, evento anual de fabricantes internacionais de armas de fogo e de acessórios, realizado em Las Vegas, com acesso exclusivo a pessoas ligadas à indústria armamentista. Os filhos de Bolsonaro foram convidados por empresas do ramo, entre elas a 88 Tactical e a Invictus, por alguns anos consecutivos desde 2016. Lembrando que a nomenclatura ‘88’ tem origem na expressão “Heil Hitler”, simbolizando as letras ‘H’ da expressão – a oitava do alfabeto – e é bastante difundido a partir grupos neonazistas em todo o mundo.

“As portas da extrema-direita dos Estados Unidos foram abertas para Eduardo Bolsonaro pelos catarinenses Tony Eduardo e Yves Sousa no início de 2016. Tony Eduardo, além de proprietário do Clube de Tiro Ponto 38, é instrutor de tiro da 88 Tactical. Yves Sousa é um empresário milionário ligado às Lojas Milium de Santa Catarina e também um dos proprietários da 88 Tactical, baseada em Omaha, Nebraska”, explicou um personagem à Revista Fórum. Veja AQUI.