07 de setembro de 2024
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POLÍTICA | NACIONAL

Elite brasileira "doa meio milhão" para Dallagnol indenizar Lula

Ex-Lava Jato exibiu teoria em PowerPoint, mas não apresentou provas

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A elite de extrema-direita brasileira, que vem tendo lucros vantajosos no governo de Jair Bolasonaro (PL), já doou meio milhão ao ex-procurador da República Deltan Dallagnol (ex-Lava Jato), que foi condenado a indenizar Lula (PT), por uma exibição com uma teoria de que o ex-presidente seria o "centro" receptor de benefícios ilícitos. A exibição ficou conhecida por uma apresentação em PowerPoint na qual o ex-integrante da força-tarefa da Lava Jato apontou o petista como comandante do esquema criminoso de desvio de dinheiro na Petrobras, no caso do triplex no Guarujá. Apesar disso, a Lava Jato não conseguiu provar nada contra o ex-presidente. 

Com isso, mostramos no MS Notícias, que a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou Dallagnol na terça-feira (22.mar.22) a pagar indenização de R$ 75 mil por danos morais ao ex-presidente Lula por "ataques à honra".

Dallagnol demitiu-se do Ministério Público Federal (MPF) em novembro de 2021 e mira uma vaga no Congresso nas próximas eleições. Em dezembro, ele se filiou ao Podemos, em um evento com a presença do ex-juiz e ministro Sergio Moro, pré-candidato à Presidência.

"MUITO OBRIGADO: Não há mais necessidade de novas doações! As doações espontâneas que milhares fizeram já atingiram MEIO MILHÃO de REAIS. Suas vozes foram ouvidas, e seu ato de solidariedade e protesto já é muito claro: NÃO VAMOS PARAR de combater à corrupção no Brasil!", disse o ex-procurador, que após não conseguir provas nos processos, decidiu entrar na política.  

Essa não é a primeira indenização que Dallagnol teve que pagar após decisão judicial. No ano passado, em outubro, ele foi condenado a pagar indenização de R$ 40 mil ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), em razão de publicações feitas no Twitter durante a eleição para presidência do Senado. O ex-procurador direitista constuma ser radical em seus ataques, mas não apresenta provas, por isso perde no judiciário. 

Dallagnol também foi alvo de processos no Conselho Nacional do Ministério Público por sua atuação durante a Lava-Jato. Em 2019, o então procurador da Lava-Jato foi punido com uma advertência pelo CNMP, num processo disciplinar aberto a pedido do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) da época, Dias Toffoli. O motivo foi uma manifestação em entrevista à rádio CBN no dia 15 de agosto de 2018, em que criticou ministros da Corte.

Ainda no ano passado, o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), determinou que procuradores da Lava-Jato devolvessem gastos considerados irregulares com diárias e passagens. A Corte considerou que o modelo de força tarefa, em que havia o pagamento de diárias pela permanência dos profissionais em Curitiba, gerou dano aos cofres públicos. Dallagnol pode ser condenado a reembolsar os gastos solidariamente, já que foi responsável pelo modelo da operação.