Ao contrário das eleições em que participaram como figurantes até agora em Campo Grande, algumas legendas cogitam fazer voo-solo na próxima sucessão municipal. O PPS, o PDT e o DEM, que sempre ajudaram a sustentar partidos maiores como o PT, o PMDB e o PSDB, estão trabalhando com afinco para chegar em 2016 com uma solução de chapa própria entre suas principais alternativas de disputa.
No PPS a perspectiva se acentua à medida que o partido se oxigena politicamente com a atuação da vereadora Luiza Ribeiro e a presença de outro de seus quadros de destaque, o ex-vereador Athayde Nery Jr, na estrutura do governo estadual, à frente da Secretaria de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação.
O mandato da vereadora Luiza e o amplo leque de atribuições submetidas à Pasta de Athayde potencializam a inserção popular do PPS. Outra vantagem é o fato de o partido assumir demandas de segmentos específicos da sociedade que habitualmente não têm igual atenção de outras siglas, como são os casos dos movimentos LGBT e dos índios.
SEMY NA CHAPA - Uma das alternativas do PPS para se reforçar política e eleitoralmente é o campo de entendimentos que pode abrir, especialmente junto às legendas de menor expressão representativa. O PSOL é uma delas e em breve seu quadro de filiados pode receber a inscrição do engenheiro e ex-secretário de Obras Semy Ferraz, recentemente desfiliado do PT. Semy, que é assediado por diversas legendas, pode surgir como opção para uma eventual coligação PPS-PSOL, tendo Luiza Ribeiro na cabeça-de-chapa.
DESAFIO FAMILIAR - Para o deputado federal Luiz Henrique Mandetta, é livre no DEM o caminho para que se lance na disputa. Em princípios, teria de enfrentar duas obstruções complexas nessa caminhada: o conflito familiar e a ferida aberta pelo “caso Gisa”. Primo dos irmãos Trad (Nelsinho, Marquinhos e Fábio), três políticos de peso na cidade e todos passíveis de cultivar o mesmo projeto em 2016, Mandetta seria obrigado a confrontá-los política e afetivamente, no decorrer do processo.
É importante constar ainda que a irmandade está procurando uma legenda para abrigar-se, desde que tornou-se impossível conviver no PMDB com uma militância em sua maioria fiel à liderança do ex-governador André Puccinelli. É Puccinelli quem controla o PMDB e ainda dispõe da faculdade indiscutível de, se quiser, apesentar-se em 2016 como candidato para disputar a Prefeitura pela terceira vez, depois de vitorioso em duas eleições (1996 e 2000).
O “caso Gisa” é espinha pontiaguda na garganta de Mandetta. Numa campanha eleitoral seu efeito é bem mais doloroso, tendo em vista o histórico a ser pinçado por adversários que devem rememorar a passagem de Mandetta como secretário municipal de Saúde. Em sua gestão, no governo de Nelsinho Trad, além dos recordes negativos na epidemia de dengue que assolou a cidade, aconteceu no ano de 2009 a contratação do consórcio Telemídia Technology para implantar o Gisa (Sistema de Gestão Integrada de Saúde).
Encarregado de organizar, modernizar e melhorar as informações e o desempenho da política publica de saúde, o Gisa não funcionou até hoje e causou ao Município um prejuízo superior a R$ 10 milhões, conforme apurou investigação do Ministério Publico Federal. Por causa de irregularidades no processo de licitação que escolheu a Telemídia Technology, em fevereiro passado o MPF ajuizou duas ações contra 26 pessoas, entre elas o ex-prefeito Nelsinho Trad e o ex-secretário de Saúde, o deputado federal reeleito Luiz Henrique Mandetta.
FORA DA GARUPA – Se prevalecer o sentimento dominante hoje entre dirigentes e militantes, em 2016 o PDT saltará fora da garupa de montarias maiores como as do PT, PMDB e PSDB, com os quais vem mantendo há mais de duas décadas decisiva e leal parceria administrativa, política e eleitoral em disputas locais e estaduais.
Mesmo fora da presidência orgânica do Diretório Estadual – cargo agora ocupado por Franklin Masruha -, o decano e articulado João Leite Schimidt pensa no trabalhismo como um bem conceitual de inestimável importância para a sociedade e que não pode prescindir de protagonismos centrais. Seria, então, o caso de entrar pra valer na disputa majoritária e estabelecer seus conteúdos num plano apropriado e bem mais elevado do debate. Isso, acredita o guru, tem na eleição municipal o melhor cenário.
É nessa direção que caminham as principais lideranças do PDT. Sem fechar as portas para o entendimento com outras agremiações, o partido põe em prática o planejamento 2015-16, que tem entre os objetivos de ponta o debate para lançar candidatura própria e apresentar um pré-programa de governo para discutir com as forças sociais.
O nome que desponta para o enfrentamento é do deputado estadual Beto Pereira. Para habilitar-se, que já foi prefeito de Terenos e se destacou durante campanha para deputado estadual nas eleições de 2014 quando se elegeu.