“Boa sorte para eles (Trad) que irão para o PSD”. Assim respondeu o vereador Edil Albuquerque (PMDB), líder do prefeito Gilmar Olarte na Câmara Municipal de Campo Grande, vice-prefeito e secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e do Agronegócio (Sedesc) na gestão Nelsinho Trad.
Os 40 anos de vida pública permitiram ao vereador Edil Albuquerque uma ponderação rara nos meios políticos, portanto, quando questionado sobre a mudança da família Trad para o PSD e a possibilidade de que venha a trilhar os mesmos caminhos, disse que não cogitou essa possibilidade e que não acredita que isso venha a acontecer. “Nós temos óbices, o Fábio Trad e o Nelsinho, não”, respondeu. Os óbices a que se refere o vereador são os cargos eletivos ocupados por Marquinhos Trad e, talvez, por ele. Caso mudem de partido sem uma justificativa plausível, que seja aceita pela Justiça Eleitoral, perdem para os suplentes, os cargos que ocupam.
Mas existe a possibilidade pretendida por Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, de conseguir refundar o PL e abrir uma “janela de infidelidade” que permita aos políticos mudarem de partido sem perderem os cargos que ocupam. Nessa eventualidade, Edil ponderou que, “Ai, sim. Ele (Marquinhos) tem que decidir quando ele tiver vontade, tiver prestígio, tiver motivação. Ele que tem que avalizar, porque o partido, reza por uma cartilha, cabe a você adotar e trabalhar por ela, ou não” disse.
Sobre seu próprio futuro político após a aposentadoria do Legislativo anunciada por ele, e se tem intenções de acompanhar os Trad nessa nova jornada, se limitou a dizer que 'por enquanto' está no PMDB e informou que hoje (10) haverá reunião na sede do partido, com a presença de todos os dirigentes e os que ocupam cargos eletivos para discutir sobre tudo, orientação, sistema político, impedimento de coligação na proporcional, que ele acredita favorecer ao PMDB, porque fará as pessoas raciocinarem se saem, ou não, da legenda.
O fato do deputado Marquinhos Trad ser apontado por pesquisas não oficiais com boa aceitação e pouca rejeição, para Edil, não é tão relevante. “A pesquisa que eu ouço dizer que existe, mas não vi, diz que o André (Puccinelli) tem 40% enquanto o Marquinhos aparece com 19%” respondeu.
Sobre sua posição de líder do prefeito, e no caso de mudar para o PSD que teria uma postura mais de oposição ou independência, até para dar um perfil à candidatura Marquinhos Trad, ou mesmo se Edil lançar seu nome para indicação do PMDB como candidato à Prefeitura da Capital, o vereador disse que permanecerá apoiando o prefeito, fazendo seu trabalho, porque entende que seria inconcebível deixar de atender. “Eu me moldo dentro das condições de atendimento. Eu sou da opinião que, enquanto eu estiver apresentado resultado para a população, é válido. Eu estive muitos anos no executivo, eu sei como é que funciona. São 29 vereadores produzindo o que produzem de solicitações, não é fácil. Tem que ter pulso e ser terno”, explicou Edil.
?Pelo que fala, a decisão está tomada. Edil tem a pretensão futura de ocupar cargo executivo, na condição de prefeito, vice-prefeito ou ocupando uma secretaria. Aos 65 anos e com muita experiência no executivo municipal, possui um conhecimento amplo de toda a prefeitura e do legislativo municipal. Enfatiza que foi ele que desapropriou o imóvel ocupado pela Câmara, e que através da economia feita durante o período em que ocupou a presidência daquela Casa, verba entregue ao então prefeito Nelsinho Trad, possibilitou a aquisição do imóvel, quando o antigo proprietário encerrou as discussões sobre um acordo.
Candidatura clara
Aparentemente Edil vai jogar duro, e diz que: “Sobre eleições, hoje em dia as coisas estão mais difíceis. Antigamente o partido tinha que possuir uma estrutura, colocava-se a estrutura na frente, hoje não. Além de ter um mínimo de estrutura, tem que ter um serviço prestado. Você tem que ter caminhado a sua estrada. Eu não posso falar de mim, posso falar do que eu posso fazer. Eu já dei mostras, no período que passei aqui e lá (executivo) do que eu fiz. E as marcas estão ai. Eu não sou um cara que quer transparecer as coisas, mas eu fiz coisas, mas eu fiz coisas no legislativo e no executivo, que em vou em tempo próximo, mostrar à sociedade o que eu fiz. Só que você tem que ter estrutura para divulgar”.
De qualquer forma, entre os nomes que se destacam para disputar a indicação, Edil é certamente o que tem melhor trânsito entre os grupos do PMDB, bem como entre outros partidos e até na classe empresarial. Talvez o único a conseguir uma coligação de peso na majoritária, podendo atrair possíveis candidatos de outras siglas, como PSB, PSD (com os Trad), PR e até mesmo PSDB. “Eu não vejo problema em fazer essas articulações, mesmo porque transito tranquilo. Eu mexo com um grupo de pessoas que tem necessidade de ter contato com todo mundo, que é a classe empresarial, aqueles que produzem e geram empregos”, finalizou.
André Senador?
Ainda que não tenha mencionado o nome do ex-governador André Puccinelli, ou tenha falado de qualquer articulação que venha se desenvolvendo no PMDB, Edil lembrou que no momento político atual, com o partido ocupando os principais postos federais (presidências do Senado e Câmara dos Deputados, e articulação política do governo Dilma) faz da legenda “a cereja do bolo” e garante que isso se reflete aqui no estado.
Pode ter dado uma clara indicação de que André Puccinelli quer ser o terceiro senador do estado, dando a hegemonia ao PMDB que ocuparia as três vagas, com Simone Tebet, Moka (caso reeleito) e o próprio André, caso vença a disputa com Delcídio do Amaral (PT).
“Nas votações em nível de Senado, mais importante ainda, porque lá somos iguais aos outros. São 3 senadores por estado, ninguém tem mais, ninguém tem menos”, enfatizou Edil.
Caso Edil não encontre espaços dentro do partido, não é difícil que siga com os Trad, com os quais têm profundas ligações. Seria a segunda troca de partido do vereador, que em 2003 deixou o PTN e, a convite de Puccinelli, ingressou no PMDB.