A semana que se passou na Câmara de Vereadores da Capital foi agitada e marcada pela divergência entre base e oposição. Um expediente comum, um requerimento endereçado ao executivo solicitando cópias dos contratos firmados com “todas” as empresas de tapa buracos e os valores pagos, motivado pela falta de informações às inquirições dos vereadores durante reunião com o secretário Waltemir Brito, da Sientrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação) deixou clara a blindagem ao prefeito Gilmar Olarte e o crescimento do bloco independente formado por vereadores que não tem conseguido explicações ao menos razoáveis para as cobranças de seus eleitores.
Votaram pela aprovação do requerimento proposto pela vereadora Luiza Ribeiro: Chiquinho Telles (PSD); Thais Helena, Alex e Ayrton Araújo (PT); Eduardo Romero e Otávio Trad (PTdoB); Cazuza (PP), Paulo Pedra (PDT); Luiza Ribeiro (PPS); Gilmar da Cruz (PRB) e José Chadid (s/ Partido).
Rejeitaram o requerimento: Edil Albuquerque, Vanderlei Cabeludo, Carla Stephanini, Loester Nunes e Paulo Siufi (PMDB); Coringa (PSD); Chocolate (PP), Airton Saraiva (DEM); Saci (PRTB); Carlão (PSB); Alceu Bueno (PSL); Eng. Edson (PTB); Herculano Borges (SD).
As falhas de comunicação entre executivo e legislativo, agravadas com ida de Valtemir Brito à Câmara, que não explicou nada sobre dúvidas em relação à operação "tapa-buraco", abriram vácuo tamanho que até mesmo o experiente vereador Paulo Siufi (PMDB), chegou a comentar com um colega da base de Olarte, em tom de desabafo, que “poderia pedir o impeachment do prefeito da Capital”.
A gravação do áudio do desabafo, que chegou à imprensa, foi confirmada por Siufi: “Tenho 11 anos aqui na Casa, o que tenho a falar com o prefeito será dito pessoalmente. O que eu tenho para falar é que, até o momento confio nele, mas se as explicações não forem convincentes, assino a CPI [do Tapa Buracos], que é um instrumento legal”, disse.
Edil Albuquerque, líder do prefeito, articulou uma reunião entre o prefeito e o vereador Siufi onde, se não esclarecido, o caso pode ser contemporizado e, em relação ao requerimento, preferiu minimizar a questão lembrando que o acirramento entre base e oposição é natural e deve ser respeitado. É a Câmara cumprindo sua função. Entretanto reafirmou que os requerimentos não eram de fato necessários, tanto que, segundo ele, foram rejeitados pela maioria. “Como o secretário veio à Casa, conversou com vereadores e se dispôs a entregar todos os documentos não há porque esses requerimentos. A maioria entendeu isso.”
Mas os problemas e a semana não terminaram por ai, caiu como uma bomba a decisão da Justiça em cobrar da prefeitura de Campo Grande, entenda-se da população, R$ 8,200 milhões referentes ao que foi pago pelo Ministério da Saúde pelo Gisa (sistema de Gerenciamento de Informações em Saúde) contratado no segundo mandato do prefeito Nelsinho Trad (PMDB) pelo valor de R$ 10 milhões, e que nunca chegou a funcionar.
O vereador Paulo Siufi, presidente da Comissão Permanente de Saúde da Câmara Municipal, não descartou a possibilidade de ações mais pontuais em relação ao Gisa e afirmou que a partir da primeira reunião da Comissão Permanente de Saúde, da qual é presidente, vai acompanhar e exigir explicações deste pagamento. Conseguiu por panos “frios” evitando um novo ciclo de debates acalorados.
Superando desafios
A semana política na Capital foi marcada por reviravoltas, derrotas e vitórias para o prefeito Gilmar Olarte.
Olarte, que começou a semana sendo obrigado a arcar com pagamento do rombo de R$ 8,2 milhões do Gisa, deixado por Nelsinho Trad, quando esse era prefeito, conseguiu dialogar com vereadores raivosos como Paulo Siufi, e encerrou a semana entregando o Estádio de Futebol das Moreninhas, no parque Jacques da Luz, depois de ter sido revitalizado.
Na ocasião, o prefeito jogou bola e anunciou que pretende passar para o município a administração do estádio Morenão. Olarte tem buscado apoio da iniciativa privada para recuperar o estádio.