Derrotado pelo próprio partido na sua sucessão, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) é um pote até aqui de mágoa. Em entrevista, ele diz que o Democratas “voltou para a extrema-direita dos anos 1980” que a aproximação do presidente da legenda, ACM Neto, e do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, com o governo Bolsonaro será mais ampla que a agenda econômica. E avisa que vai para um partido de oposição, embora não tenha decidido qual.
— Posso ir do Bolsonaro ao Ciro Gomes.” Eu não posso ir do Bolsonaro ao Ciro Gomes. Ninguém que queira fazer política de forma orgânica pode. Isso não é um projeto de país. Isso é projeto de partido voltando a ser exclusivamente parlamentar e anexado a um governo. […] Deste partido eu não tenho mais como participar porque não acredito que esse governo tenha um projeto, primeiro, democrático e, segundo, de país. Continuo dizendo que o governo é um deserto de ideias. O DEM decidiu majoritariamente por um caminho, voltando a ser de direita ou extrema-direita, que é ser um aliado do Bolsonaro”, afirmou o ex-presidente da Câmara, monstrando-se profundamente magoado com a liderança do DEM.
Maia disse que “foi um processo muito feio do Neto e do Caiado” costurar um acordo com Bolsonaro que implodiu a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Câmara, dando margem para Arthur Lira (PP-AL), candidato do governo ser eleito. Para ele, falta caráter ao amigo de mais de 20 anos. “Ficar contra é legítimo, falar uma coisa e fazer outra não é legítimo. Não posso, depois de ter construído relação de confiança com muita gente, parecer que sou parte desse processo não da bancada, mas da direção, de não cumprir sua palavra. Falta caráter, né? Você falar uma coisa na frente e operar de outra forma, falta caráter”.