O deputado federal bolsonarista Luiz Ovando (PP-MS), disparou duarnte entrevista ao programa Bom dia MS, uma fake news criada pela extrema direita. O parlamentar disse que os indígenas resgatados em situação cadavérica na Terra Yanomami em Roraima, seriam “indígenas venezuelanos”. A mentira circula nos grupos bolsonaristas desde que veio à tona a situação em que Jair Bolsonaro (PL), submeteu o povo Yanomami nos últimos 4 anos.
"Eu não acredito que aqueles indígenas sejam brasileiros, provavelmente sejam venezuelanos, como a Venezuela está em um estado deplorável", disparou o deputado bolsonarista.
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A declaração mentirosa e desrespeitosa foi rebatida pelo secretário-executivo do ministério dos Povos Indígenas, Eloy Terena. "Pesquisadores e professores viram e nos acionaram. Isso é uma fake news. Essa questão de que se tratam de venezuelanos. Então, isso é fake news, estamos combatendo", detalhou o secretário-executivo.
Eloy relatou o espanto ao saber que foi um deputado sul-mato-grossense que teria dado tal declaração. "Na verdade, o que está acontecendo com o povo Yanomami é uma situação de crise humanitária amplamente documentada e alertada. Não é de hoje que acompanhamos as denúncias. Isso chegou ao STF, isso chegou na comissão interamericana de direitos humanos e no tribunal penal internacional. Isso é um descaso e que macula a imagem do Estado brasileiro. Quando vemos um parlamentar tentando justificar o que está acontecendo lá, valendo-se de uma fake news, a gente vê isso sendo repetido em outros lugares", comenta Eloy Terena.
O a situação dos Yanomamis ganhou destaque na mídia mundial após a visita do presidente Lula (PT), ao local. Na ocasião, o Ministério da Saúde resgatou crianças morrendo desnutridas e muitas não sobreviveram. O presidente classificou a situação como “genocídio” praticado pela gestão bolsonarista.
A fake news disparada pelo deputado bolsonarista gerou revolta nas redes sociais. Uma seguidora classificou como "insensível" e "ignorante" o que o deputado disse sobre indígenas Yanomami.
Outro viu o comentário do deputado como inoportuno.
“Eu nunca ouvi tamanha insensibilidade e ignorância vindas de um deputado (se é que podemos chamar isso de deputado). É vergonhoso para o nosso estado ter este tipo de representante. Como uma pessoa consegue acordar cedo pra falar tantas mentiras ao vivo, para os sul-mato-grossenses?”, disse uma internauta.
“Já temos o craque do dia no malabarismo da barbaridade”, comentou um seguidor no Instagram da TV Morena.
RESPONSÁVEIS
A Polícia Federal (PF) abriu um inquérito nesta 4ª.feira (25.jan.2023) para apurar se houve crime de genocídio contra os indígenas da etnia Yanomami em Roraima.
Além de genocídio, a investigação vai apurar os crimes ambientais, omissão de socorro ao povo.
A abertura do inquérito partiu do ministro da Justiça Flávio Dino, que encaminhou o pedido ao diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, na última 2ª feira (23.jan.2023). O caso vai tramitar em Roraima e está sob sigilo.
O território Yanomami passa por uma desassistência sanitária e uma piora generalizada na saúde dos indígenas, incluindo casos de desnutrição severa. O ofício elenca situações vivenciadas pelos indígenas no local. Diz que há um “cenário de possível desmonte intencional contra os indígenas Yanomami ou genocídio”.
“Mortes por desnutrição ou por doenças tratáveis, pouco ou nenhum acesso aos serviços de saúde, medidas insuficientes para a proteção dos Yanomami, além do desvio na compra de medicamentos e de vacinas destinadas à proteção desse povo contra a covid-19”, diz Dino, no ofício. Eis a íntegra.